segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Quando o principal tema da campanha dos dois candidatos à presidência gira em torno de conseguir conquistar os votos da parte mais conservadora da nossa sociedade, eu fico pensando que de fato as mudanças que sonho não ocorrerão para minha geração.

Vou fazer como o Frei Betto: vou me conformar e assumir dignamente que vim para ser semente.

Amiga cinquentona

Eu nunca pensei que fosse um dia ter uma amiga de geração tão diferente da minha, com idade para ser minha mãe, mas eu tenho!

Quando a gente é muito jovem e muito ligado a ser jovem, acha impossível conseguir trocar com alguém vinte anos mais velho, mas com a Mônica eu consigo. E não sou mais jovem, nem tão ligado a ser jovem.

Na verdade, a maturidade tem me interessado deveras.

Eu a conheci há pouco mais de três anos, numa viagem a Paraty que ela coordenava. Foi admiração à primeira vista.

Desde o ano passado trabalhamos juntos e bem próximos. E como é bom tê-la por perto! Como me acalma.

Além de cinquentona, ela é crente. Eu nunca pensei que fosse um dia ter uma amiga crente, mas eu tenho!

E é muito engraçado quando ela me fala dos sinais que Deus lhe dá, mas eu não rio de galhofa ou de descrença, pois sei que tem verdade no que ela fala, eu rio porque acho bonito.

É bonito ter amigos.
Deu vontade de escrever, mas antes resolvi dar uma lida em posts antigos e fiquei chocado com o quanto usei este blog para registrar o martírio que foi a minha relação com meu ex. Coisas tipo esse post me fizeram lembrar de coisas que já tinha esquecido. O mais engraçado é me dar conta de que faz exatamente três anos!

Ontem o maldito me ligou três vezes. tem hora que assombração aparece. Muito engraçado porque faz um tempo que disse que só conversaria com ele se fosse por email e ele simplesmente ignora. Liga, manda mensagens e eu não atendo ou respondo.

Mas é chato saber que ele ainda me incomoda. Hoje estava conversando com a Mônica que eu gostaria de já estar em outra, talvez essas coisas não me incomodassem tanto... Ok, é chato, é deprimente: eu era perdidamente apaixonado pelo cara, depois a gente vai viver junto e a minha vida vira literalmente um inferno. Tem o lance de ele não ter qualquer ética ou moral e tudo o mais, mas tem também eu escolhendo viver isso sendo avisado por todos e pelo meu bom senso que iria quebrar a cara.

Sei lá. Mas vendo esses posts antigos também me dei conta de que eu vivia reclamando por andar em círculos. Acho que finalmente desviei do processo giratório e me encaminhei para alguma linha reta cujo o destino ainda não sei qual será, mas aparenta ser bacana.

Parei de gastar. Parei de tentar manter um padrão de vida que não posso dar conta de bancar. E isso nem está sendo dolorido, na verdade tenho bastante vergonha de só ter começado a agir assim aos 32 anos e depois de muita cacetada causada pela minha própria inconsequência.

Consegui parar de tratar o sexo como qualquer coisa. Na cultura gay rapidamente a gente aprende a ter prazer desvinculado de compromissos, intimidade, culpa, etc. Só que tem uma hora em que parece que não tem mais volta: a gente começa a se envolver com quaisquer pessoas, rola uma amargura por se pensar que a putaria será fator eterno na vida e, preciso confessar, comecei a me sentir desvalorizado. Estou vivendo um certo celibato há quase um mês e não tenho sentido vontade de abrir mão dele para trepar com qualquer um. Considero isso um avanço.

E faz um ano que me separei. E faz um ano que, pela primeira vez na vida, moro sozinho.

E, apesar de todos os problemas, esse tem sido um ano de paz. E que sentimento bom, cara! Na boa.

Talvez seja por isso que me surpreenda ler posts de 2007. Eu pensava que era feliz, e pior: pensava que a paixão inconsequente me daria satisfação. Como quebrei a cara.

Agora sei que finalmente estou amadurecendo. E como é bom!