sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Às vezes me bate uma solidão que deprime porque acho que sei que não tem quem a resolva. Descobrir isso foi o grande salto. Algumas vezes pensei que ela passaria com O Grande Amor e fazia aquele monte de loucuras que hoje me custam tão caro. Porém hoje vejo que ela já estava comigo na infância, quando eu me sentia tão deslocado em qualquer lugar: casa, escola, condomínio, catequese, rua: o mal estar da minha existência sempre comigo.

Às vezes esqueço dela quando faço sexo. O desvario dos corpos, a violência consentida do prazer que dura pouco. Em outros momentos, a companhia dos  animais é mais eficaz: tenho quase a sensação de Deus. Acho que se houver, deve ser assim. Com amigos ela desaparece quase por completo, mas sei que ainda está lá.

Bom mesmo é quando entro na literatura por que lá a solidão é valor. Então comecei a pensar que talvez a solidão que não sai de mim deva ser também valor. Tenho que aprender a viver com ela. Talvez eu seja feliz assim e fique rindo do mundo, que me deixa tão só. Ou ria de mim, que me excluo do mundo. Vai saber.

Aceitar a solidão deve ser a sensação de quem sai de um hospital depois da internação. Rever o dia, a cidade. Sentir-se dono do próprio corpo, agora saudável.

Mas agora ela só dói mesmo.

domingo, 18 de novembro de 2012

Há pouco mais de um mês comecei a sofrer por antecipação por conta de uma possível-quase-certa decepção com o trabalho. Desde então, minha vida parou e se transformou numa espiral de desesperança-autopiedade-e-destruição: comendo feito louco, gastando mais do que devia, parei de malhar... Não consigo deixar de achar que tudo é uma droga e que não gosto do jeito que ando vivendo.

Queria estar mais bonito, mais cuidado, menos velho. Gostaria de ter mais esperança no amor, na possibilidade de um. Adoraria ter o meu salário para usar, comprar minhas roupas, passear por aí. Como seria feliz se estivesse perto da praia, de gente de cabeça aberta, de viados.

Mas não é assim. Não tenho dinheiro, moro perto-longe da praia (o que é mais tortura), não vejo viados no meu dia-a-dia na rua, trabalho num lugar homofóbico. Estou tão cansado!

Acho que o que me deixa mais triste é pensar que talvez o resto da minha vida seja assim. Tem que ser assim. É a vida que dá pra ter.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

A gente usa levianamente esta expressão, mas juro que não ajo assim quando acho que estou "ficando deprimido". Quando penso no futuro, quase nada me anima. Sei lá. De uns tempos para cá, o peso dos anos tem ficado mais e mais claro: tenho me achado velho. A barba muito grisalha, a careca cada vez maior, a quantidade grande de pelos brancos no peito... Daí fico pensando na vida que ando levando e nas projeções que vejo possíveis para daqui a alguns anos e me dá um desânimo tão grande... Parece que vai ser sempre assim.

Hoje pensei, por exemplo, no verão e nas férias que se aproximam. Provavelmente vou ficar mais uma vez trancado em casa por falta de grana ou de disposição de sair daqui e levar 1h30min para estar em qualquer praia. Carro? Nem pensar.

Eu olho para o meu trabalho e também fico para baixo. Sei lá: 4 anos dedicando tanto para não ter o valor que eu esperava reconhecido... Muita tristeza.

Ando me achando feio, largado. Engordei uns quilos, estou todo redondo. Não me dá vontade de malhar. Sinto como se não valesse a pena.

Desisti de entrar no Doutorado. Pura falta de tempo, além de muito cansaço.

Sinto como se nada valesse muito a pena. Talvez os cães, os amigos próximos, mas nada para mim. Nada  meu.

Ando me sentindo muito só, mas é uma solidão que não sei bem como explicar. Não é como se eu estivesse sozinho no mundo, nada disso. É como se eu não estivesse mais comigo.

Sinto falta de mim.