domingo, 13 de março de 2011

Eugênio

Só depois de muito tempo entendi que meu ex forçou tanto a barra para termos o cachorro porque queria com isso me prender. Acho que não enxerguei assim de cara por estar ocupado demais mendigando afeto de tão sem valor que eu me achava.

E por receber tão pouco eu também não sabia que estava tão ressentido. Então o feitiço virou contra o feiticeiro, pois só alguém terrivelmente insensível não percebe o valor extremado que qualquer cão dá ao seu dono. Comovi-me pela primeira vez quando acordei mais cedo para cuidar da sujeira do filhote que ficava na cozinha e depois deitei no sofá para terminar de dormir. O bichinho subiu e ficou encostadinho a mim.

E por incrível que pareça foi assim comecei a perceber que tinha valor.

Pela frase de efeito escrita acima parece que eu me acho de fato um cocô. Não é verdade... É sempre nas questões afetivas que me sinto assim: namoro, amizade, família. Acho que dá pra imaginar o porquê pelo histórico do blog.

Mas acho que mesmo com as humilhações, com a traição, com o abuso financeiro, foi só com o cachorro que comecei a ver que havia possibilidades fora daquela relação doente. E recebendo tanto amor, percebi o quanto me faltava na história que eu havia inventado. Não é à toa que às vezes acho que o Eugênio salvou a minha vida.

O Eugênio gosta de subir onde quer que eu esteja, depois suspira e encosta em qualquer parte do meu corpo. Ele fica me olhando com aquela idolatria. Depois relaxa e dorme.

Hoje eu o corrigi fisicamente num momento em que ele estava sendo terrivelmente inoportuno. Deu uma culpa pela agressividade... Sei lá. Eu devo muito a esse cão. Aos meus outros também. A todos os cães, porra!

É com eles que estou aprendendo a receber amor.