quinta-feira, 30 de junho de 2005

Suga vida em mim

Tenho um monte de coisas pra contar: paranóias loucas, deprês repentinas, causos interessantes, fatos nerds instigantes, contemplações agradáveis. O mesmo babado de sempre, não é? Tanto troço bom...

Mas não dá. Muito cansado para vir aqui e escrever qualquer coisa maior do que isso:

O emprego complementar está-me cansado mais do que imaginava. Acordar às 5h todos os dias é F.O.D.A, mas não pára por aí... Quem também dá aula sabe do que estou falando. Ando-me sentindo sugado ao extremo.

Mas o recesso está chegando e os prazos finais da dissertação também. Há luz no fim do túnel...

E vou ter minha vida de volta.

Saudades dos amigos.

terça-feira, 21 de junho de 2005

Pega vida em mim

E o novo álbum do Kid Abelha é uma surpresa extremamente agradável.

Ou nem tão surpresa assim...

Afinal, a cada ano que passa, a voz de Paula Toller fica mais linda e o pop-sentimental-e-meigo da banda aprimora consideravelmente no que se refere ao bom-gosto. Então, tem sido tão delicioso ouvir Pega vida...



Acho que tem a ver comigo a estética deles. Uma coisa meio melancólica, mas bonita e meiga.

Por favor, não me considerem convencido... Mas acho que sou um pouco assim. Ou são essas algumas das características que curto em mim.

Eu ando querendo o ingênuo, o tranqüilo, o fofo! Eu preciso do Kid Abelha como trilha sonora hoje para pensar que talvez as minhas relações com os caras possam ser mais profundas do que necessidades sexuais urgentes.

Sei lá. Estou pensando num jejum de putaria. Pode ser uma boa...

E deixar que algo de verdade aconteça para que letras como a seguinte deixem de fazer sentido para mim:

POR QUE EU NÃO DESISTO DE VC
George Israel / Paula Toller

Eu n desisto de vc
vc precisa entender
que eu n me inspiro sem vc
sem vc eu n me inspiro

Meu dia D, meu "e"
Meu ponto G meu chi
Eu n respiro sem vc
Sem vc eu n respiro

Você me perguntou
Eu engasguei sem coragem, travei
Não me atrevi a responder

Por que é que eu não desisto de vc
Porque
eu n desisto

Por que é que eu não desisto de vc
Porque
eu n desisto

Eu n desisto de vc
vc precisa entender
que eu n me inspiro sem vc
sem vc eu n me inspiro

Se vc pensa em mim
se vc me abraça
A vida é gratia plena
A vida é cheia de graça



Ai, ai...

(Engraçado é que está escrito com essa linguagem de internet mesmo no encarte)

segunda-feira, 20 de junho de 2005

Leitura de banheirão

Daí que entre um parágrafo e outro, entre uma passada de roupa e outra, entre um cansaço e outro por acordar sempre tão cedo e não conseguir deixar de dormir tão tarde, ando arrumando tempo para leituras agradáveis. Especialmente na hora de ir ao banheiro. :-)

Nada de literatura brasileira, por favor... Só coisas prazerosas e leves, como ao SAGA DA FÊNIX, o Almanaque dos anos 80 que ganhei de presente dele e os mails de um amigo fino que mora em Paris.



Mas o que tem me comovido ao extremo é o drama de Jean Grey, a minha x-man favorita. Sempre choro com essa história. E fico puto com o recente final que deram a ela. Sem querer fazer a linha "antes as coisas eram melhores", mas já fazendo... Ler histórias atuais dos X-MEN é sempre decepcionante.

:-(

(Olha como ela é FODONA!)

Isso de parar e ler o que está a fim é uma das coisas boas da solidão. Já falei aqui que ando bem solitário, não é? E a sumida da net intensifica um pouco isso... Estou triste, com saudades de encontrar e abraçar os amigos. Mas até que dá pra dar uma segurada legal na maior parte do tempo.

Nessas horas que eu adoro o meu emprego também. Ele me força a estabelecer relações com muita gente. E gente jovem, simpática, cheia de vida, brincalhona. Tão bom...

E é só uma vez por semana que eu coloco Everybody hurts do REM pra tocar e choro horrores! Está de bom tamanho, não é?

domingo, 19 de junho de 2005

Números de Wally

Estava vendo o blog dele e resolvi imitá-lo e fazer também a numerologia aqui (não funciona com Firefox). Pois é. Cada dia que passa, concordo mais com essas coisas de numerologia, astrologia e afins:

Nome: Wally (sic)

Idade: 27 anos, 0 meses e 25 dias.

Signo: Gêmeos

Planeta regente: Mercúrio

Elemento: Ar

Número de Ambição: 7

Número de Personalidade: 5

Número de Expressão: 3

Número de Destino: 9

Segundo seu dia de nascimento...
Dotado de surpreendente energia, você precisa estar sempre em atividade, em constante movimento. O numero 24 lhe da condições de assumir responsabilidades, principalmente na família ou na comunidade, dois mundos em que você colocou seu verdadeiro interesse. Você tem os defeitos correspondentes a suas virtudes, pois é uma pessoa que pode ficar ansiosa e preocupada com a possibilidade de não realizar o que lhe parece certo. Chegar aos seus objetivos lhe custará, sem dúvida, um trabalho árduo, mas você os atingirá possivelmente no campo educacional.

A sua ambição é
Gosta de paz, silêncio, ter tranquilidade e profunda comunhão com seu interior.

Você é...
Com grande capacidade criadora, autoconfiante e com uma inteligência acima da média e com grande rapidez de raciocínio.

Segundo seu número de Expressão...
Busca sempre o sucesso de modo criador, através do teatro, música, canto e outras formas de criatividade, não consegue encarar o dinheiro com seriedade e não se preocupa com isto.

Segundo seu número de Destino ...
Seja uma pessoa amorosa e prestativa. Para ser feliz e bem sucedido, você terá de cultivar uma atitude aberta em relação a vida. Terá de esquecer pequenas coisas insignificantes que, frequentemente, incomodam outras pessoas, não permitindo que elas te influenciem, pois seu caminho exigira compaixão, compreensão e uma grande vontade de servir. Você poderá tornar o seu objetivo tão amplo quanto possível, associando-se a entidades humanitárias. Os movimentos nacionais e internacionais são regidos, muitas vezes por destinos semelhantes aos seus. Você julgará que frequentemente sua presença é solicitada em excesso para reordenar as coisas que estão fora do rumo; todavia, este é seu verdadeiro papel, isto é, manter uma visão ampla e grande interesse pelas coisas do mundo. O sucesso e a felicidade estarão ao seu alcance se você for capaz de vencer os preconceitos e tratar os demais exatamente como gostaria de ser tratado. Seu destino, não só lhe dará dinheiro, mas também sabedoria para administrá-lo, já que você é alguém privilegiado pelos deuses, desde que viva de acordo com seus ideais.

PS: Espero que essa parte final de dinheiro seja mesmo verdade. Cruza os dedos!

sábado, 18 de junho de 2005

Wally Urso?!

E daí que outro dia eu fiquei com um cara bem fetiche: barrigudinho, coroa, cavanhaque, peludo, mais velho.

Eu gosto de caras assim.

E, no meio do lance, ele vira e me pergunta a idade. 27, eu respondo. Decidi, então, fazer a mesma questão e ele disse:

40.

Adoro quarentões...

Eu também. Na verdade, não curto gente nova assim como você. Só fiquei contigo porque você é assim.

Assim como?

Aí ele começou a alisar a minha pança e os meus fartos cabelos no peito:

Assim, gordinho, peludinho, ursinho...

Peraí: URSINHO?! Então quer dizer que eu sou urso? E, já que curto e acho fetiche caras como ele, também tenho tesão em URSOS????

M-E-D-O!

PRECISO EMAGRECER!!! CADÊ AS ANFETAMINAS?????

domingo, 12 de junho de 2005

É tão bom saber ler!

Quando voltei a morar no Rio, uma das coisas mais bacanas que aconteceu foi fazer parte do convívio de minha sobrinha. Era engraçado, pois ouvia mil histórias dela (afinal, todos os pais são verdadeiros babões), mas só a tinha visto ao vivo duas vezes na vida...

Então, entendemo-nos muito bem. Enchi-a de Barbies e um dos nossos passatempos favoritos era penteá-las, banhá-las, lavar suas roupas etc. (Sim, usei a menina para resolver a frustração infantil de não ter podido brincar de boneca. Mea culpa!). Se havia algum penteado desfeito, ela corria pra me dizer:

Tio, vamos dar um jeito no cabelo da Barbie Bailarina?

Só que comecei a trabalhar, estudar e ter uma vida social – por mais que a união dessas três coisas sempre me tivesse parecido impossível – e parei de dar tanta atenção a ela.

Porém, a garota não larga do meu pé. Um de seus passatempos favoritos quando vem à casa dos meus pais é ficar no meu quarto mexendo no meu estojo, desenhando, perguntando com quem é que estou conversando na net, etc.

Hoje ela veio. E, atolado com minha dissertação, disse que ela não poderia ficar: ia querer ficar conversando, perguntando coisas, inventando brincadeiras. Como prometeu que iria ficar quietinha, somente fuçando num dos gibis de X-MEN que ando usando para me distrair das leituras pesadas toda vez que vou ao banheiro (isso quando não são os e-mails de um certo amigo meu...), falei que tudo bem.

Do nada, ela não consegue deixar de quebrar o voto de silêncio:

Tio, é tão bom saber ler, não é?

Disse isso com um rostinho tão encantado e com um sorriso tão fabuloso que, obviamente, derreti-me todo, também bastante orgulhoso do grande feito que ela alcançou na vida (Por que nos esquecemos da sensação de aprendermos finalmente a ler? Deve ter sido muito mais gratificante do que a primeira relação sexual ou do que a formatura, quem sabe mais satisfatória do que a própria defesa de dissertação!). Então continuei o papo que ela puxou:

E por que é tão bom assim?

Porque a gente consegue ler!!!!!! :-)))))

Só tenho uma coisa a dizer sobre essa cena:

Ti fofaaaaaaaaaaaaaaa!

sábado, 11 de junho de 2005

Uma trilha sonora minha

Uma vez assisti ao Herbert Vianna dando entrevista naquele programa da MTV chamado Pé na cozinha (Antigo... E tão bom...). Não, esse post não é sobre ele nem sobre os Paralamas (nunca fui grande fã de ambos). Foi só uma coisa que ele disse à Astrid. Algo parecido com isso:

"Eu tenho que ser humilde e reconhecer que o máximo que posso conseguir com música é fazer trilha sonora para as vidas de algumas pessoas."

Apesar dos protestos da entrevistadora, em parte concordo com o cara. Só não aceito que ele tenha que ser humilde por causa disso...

Tem coisa mais gratificante do que criar a trilha sonora pra vida de alguém?

Tipo o Reveal, do REM... Comprei-o em 2001, último ano em que morei em Manaus. Finalmente tinha parado de sentir dor por causa daquele meu único-namoro-super-traumático e estava começando a me recuperar dos fracassos acadêmicos, profissionais, familiares e financeiros decorridos dele.

Era uma época de paz interior. Estava solitário. Bastante solitário, aliás... Mas sabe quando rola aquela resignação tranqüila? Acho que queria aquela falta de companhia...

Então o CD do REM refletia mais ou menos o que eu era naquele momento, com as melodias melancólicas e as letras "pra cima", logo, não saía do meu antigo discman podreira.

The sun reflected in
The back of my eye.
I knocked my head against the sky.


Neste momento, estou ouvindo-o. E deu saudades. Não da solidão, pois, apesar de tudo, ela continua aqui, mas da tranqüilidade de conviver com ela. É disso que sinto falta...

Ai, ai...

Ao som de Beat a drum, do REM (a da letra citada acima)

quarta-feira, 8 de junho de 2005

Trillian mudou a minha vida!

De uns tempos pra cá, o MSN estava pior do que o normal, considerando que bom ele nunca foi... Aquele texto maldito que diz que a mensagem não pôde ser entregue a todos os destinatários aparecia toda hora, isso quando ele tinha a consideração de mandá-la, pois várias foram as vezes que fiquei sabendo que alguém me escreveu algo e não recebi! O Sub até achou que eu tava com raiva dele, já que não respondia a nada que ele dizia...

O Postal chegou a considerar que provavelmente fosse uma retaliação do programa à minha pessoa depois de tanto difundir o ódio contra ele... É uma possibilidade...

Mas enfim... O povo ainda insiste em usar essa merda da Microsoft! ICQ funciona de verdade, MSN não, pô! Entendam!

Enfim, não serei redundante quanto a esse assunto... Todos que me lêem sabem os sentimentos intensos e negativos que nutro por esse maldito mensageiro instantâneo.

Daí que minha paciência estava se esgotando e eu não via solução, já que todos se recusam a usar o ICQ. Então, depois de ele me lembrar da existência do Trillian, decidi instalá-lo pra ver qual era.

Susto:

Minha vida nerd mudou: LIVREI-ME DO MSN DEFINITIVAMENTE!!!

Quer dizer, só vou usá-lo se precisar da CAM, mas tão raramente a ligo...

: ) : ) : )

O maneiro é que, além de bonito, ele é bastante configurável... Traz umas coisas simpáticas, como a opção de mandar as mensagens com ALT+S, em vez de ENTER, deixando esse botão somente para dar espaço entre as linhas (sua verdadeira finalidade em textos, né?). Tem, ainda, o RESUME, aquele recurso que permite que recomecemos um download de onde ele parou. Além disso, posso renomear um contato de maneira bem simples, clicando com o botão direito do mouse em cima do dito cujo, não tendo que aturar mais aqueles nicks de dez linhas infernais.

Olha como ele é bonito:





Sinto que me livrei de um grande peso nas costas.

E a vida é bela...

Ok, os desavisados podem não entender toda a minha felicidade, claro... Mas o pessoal que me conhece sabe que, neste momento, estou com um sorriso que vai de uma extremidade à outra do rosto!

terça-feira, 7 de junho de 2005

Mudando o caminho

Quando comecei a trabalhar no Recreio, não conhecia muitos itinerários para lá chegar. É assim: se Realengo é longe, o bairro onde se localiza meu emprego não fica perto de absolutamente NADA. E isso não é exagero.

Daí que eu pegava o famigerado 756 – pior ônibus do Rio de Janeiro – para descer na Barra e, de lá, tomar outra condução até o destino que torna minha vida financeira viável. “Mas por que é tão ruim assim?”, alguma alma descrente de minhas críticas pode perguntar... E eu faço uma lista (estou pegando mania delas aqui no blog, parece):

. Nunca está menos do que lotado;

. Não é sujo, como a maioria dos busus dessa cidade, é IMUNDO. Roçou em qualquer parte dele, tem que jogar a roupa no cesto. Não tem jeito.

. Não tem suspensão. A cada curva mais acentuada que faz, mais próximos nossos rostos ficam do chão;

. Vive enguiçando. Aí o pessoal desce de um carro super-lotado e espera outro mais cheio ainda para se enfiar no meio do povo e tentar chegar inteiro no trampo;

. A cigarra não funciona, logo, é comum a gritaria toda vez que o motorista não pára no ponto desejado pelos passageiros e, mesmo depois das reclamações, insiste em continuar, com cara feia (?!), seu caminho.

. Ele passa pela Taquara e pela Cidade de Deus: funis estreitos que vivem parados. Tem coisa mais frustrante do que estar sujo, espremido e em pé numa condução enfiada num engarrafamento louco sem perspectiva de saída?



Pois é. Essa era a minha vida... Só recentemente descobri outro meio mais em conta nos quesitos conforto e tempo. É assim, eu pego um busu que passa na porta da minha casa até o Sulacap (ele roda bastante pelo bairro. Suponhamos aí, uma meia hora num dia bom). De lá, tomo outro que me deixa no início da imóvel Taquara (lá o trânsito ainda não é tão lento assim), desço e entro numa dessas kombis que vão para o Recreio pela estrada dos Bandeirantes.

Minha vida mudou!

A grande reclamação que tenho desse último meio de transporte? Somente os motoristas com os rádios ligados num som sertanejo. Nada que meu Discman luxo não resolva!

Assim, o percurso é rápido, tranqüilo e cercado de um cenário maravilhoso, afinal, passo por uma parte da cidade que parece interior: até morros intocados e carregados de Mata Atlântica eu vejo. E o gran finale é, às 7h da manhã, dar o meu bom dia ao mar.



Chegar ao trabalho assim dá até ânimo, nem reparo que pago mais uma passagem!

domingo, 5 de junho de 2005

Pirando

A dissertação anda a passos lentos e eu fico pensando que:

. Emocionalmente, não estou num dos meus melhores momentos;

. Nessa semana, a carga de trabalho vai aumentar consideravelmente: mais duas manhãs cheias de crianças entupidas de hormônios, de planejamentos, de correções e de pais reclamando;

. Minha coluna está doendo. Muito;

. Estou ansioso demais com tudo, o coração acelera de vez em quando;

. Preciso de carinho urgente. Um abraço serve (claro que o sonho de consumo é uma massagem nas costas!);

Quer saber? Eu quero a minha vida de volta, pra espairecer quando preciso: encher a cara de vez em quando, dançar sozinho a noite inteira de olhos fechados, andar à toa na rua mirando as caras das pessoas, ficar jogando tempo fora na net sem me sentir culpado, visitar os amigos.

Nada muito sofisticado. Fico feliz com coisas simples.

Junho promete ser um mês pródigo em estresses, noites mal-dormidas e solidão.

MALDITO JUNHO! ODEIO-TE!

Mas o oásis do recesso de julho está por aí e eu seguro nessa bóia para não me afogar:

Ergui a cabeça para as manchas cada vez mais douradas do crepúsculo, e foi nesse momento que a vi, incendiada de prata, um pouco acima da faixa violeta sobre os edifícios mais altos, a primeira estrela, devia ser Vênus, Primeira estrela que vejo, lembrei, realiza meu desejo, pulávamos amarelinha riscada com pedaços de tijolo pelas calçadas do Passo da Guanxuma, eu sempre queimava o limite do céu na hora de dar o grito de costas, num salto, olhos fechados, sete vezes repetir, olhos abertos presos na estrela até fazer o último pedido, depois não olhar mais para cima. Parado entre quatro esquinas, a primeira estrela à minha esquerda, o arco-íris, à direita, de frente para a cidade, de costas para o parque, respirei fundo o ar lavado pela chuva e pedi. Pedi sete vezes em voz alta, não havia ninguém por perto para olhar e talvez rir, um homem não muito jovem, todo molhado, falando sozinho, pedindo não sabia o quê.

Força e fé, que eu tinha perdido, eu pedi.


(ABREU, Caio Fernando. Onde andará Dulce Veiga?: um romance b.2ª reimpressão. São Paulo: Companhia das letras, 1997. p. 36.)

sábado, 4 de junho de 2005

Lado animal

Quando fico muito tempo solitário, começo a viajar com o pensamento...

Tipo quando fazemos sexo. Tem coisa mais estranha? Somos civilizados, trabalhadores e comportados na vida... Mas, na hora de trepar, transformamo-nos em algo meio alucinado e irracional (pelo menos quando sexo é divertido, claro).

Sei lá, meio contradição.

Olha, não se confundam comigo. Como já disse aqui, não sinto culpa ou vergonha das safadezas e baixarias que faço por aí, não...

Outra coisa é ciúme. Prezamos pelo respeito à liberdade dos outros (e, principalmente, pela nossa), mas, quando sentimos que alguém se aproxima e recebe a mesma atenção daqueles por quem temos afeto, bate aquele despeito maldito que dá raiva, tristeza, um monte de coisa louca misturada.

Mas acho que é bom ter consciência dessas contradições. Fazem parte de nossa natureza... No fim das contas, somos, sim, civilizados, mas muito animalizados também... Eu só não saio divulgando isso por aí... Duvido que as pessoas que me olham indo pro trabalho ou dançando na pista imaginem o tipo de animal em que me transformo quando transo (nem, obviamente, entrarei em grandes detalhes sobre isso por aqui), assim como aqueles de quem gosto não devem sacar que às vezes fico ensandecido de ciúmes deles.

É tudo muito bem controlado. Depois do orgasmo, volto a ser o carinha fofo e delicado de que me acusam. Assim como acredito que disfarço bem o ressentimento que bate nas horas de ciúme agudo.

Enfim, meio nonsense, não é? Esse post todo... Mas que se foda!

Sem motivo aparente bateu uma tristeza aqui. Uma necessidade de carinho... Sim, eu também preciso de um namorado. E que ele me dê bastante carinho nas costas, por favor!

Acho que é um grande gesto de consideração: fazer carinho nas costas de alguém.

E dá-lhe trilha sonora deprê!
Ao som de Burger Queen, do Placebo.

Deprêêêêêêêêêêêêêêêêêêêêêêêê!

Pra depois da DEFESA

Enquanto escrevi a o último post, comecei a pensar no tanto de coisas que estou adiando na minha vida para depois do mestrado. Listo algumas delas:

. Ganhar dinheiro;

. Emagrecer alguns quilos, fazer exercícios regularmente;

. Viajar pro Chile;

. Morar sozinho;

. Resolver os mecanismos de defesa que me impedem de manter qualquer relacionamento cuja duração ultrapasse duas horas;

. Comprar um carro;

. Voltar a sair.

Bom, com tanta coisa a ser resolvida para depois de uma tão marcante data (a da defesa), talvez eu entenda melhor por que sinto essa dificuldade tremenda em me concentrar no trabalho.

Mas, aos poucos, estou progredindo. Eu chego lá!

E – MEDO – cumpro todos os itens da lista.

sexta-feira, 3 de junho de 2005

Um dia, quem sabe...

Eu estava lendo o blog dele e vi algo sobre um voto de castidade.

Daí que eu refleti e percebi que nos últimos meses (e bota meses nisso) fiz muito sexo e nenhum significou qualquer coisa além de satisfação de urgências eróticas.

Eu confesso que gosto bastante de uma boa putaria e não tenho crises de consciência quanto a isso, mas aí eu me questiono:

Vou levar a vida toda assim?

Porque das duas uma: ou eu me torno amigo-irmão dos caras, ou faço as sacanagens todas e, no final, fico ansioso esperando a hora em que vou me livrar de quem tiver me acompanhado nelas. Não tem meio-termo comigo, sabe?

O foda é perceber que é assim com tudo.

Por mais que reclame, tenho plena consciência de que estou nessa situação por culpa minha. Às vezes é consciente, outras, não. Entretanto, sempre dou um jeito de espantar os pretês que têm alguma possibilidade de futuro.

Acredito que sei os motivos de tal comportamento. Nada que eu queira falar aqui. E tenho certeza de que minhas investidas platônicas e fracassadas são pura fuga.

Só que remoer isso me faz mal. Fico triste.

E, sinceramente, não é hoje nem agora que vou resolver isso. Tenho tanta coisa pra fazer...

P-R-E-G-U-I-Ç-A!

quarta-feira, 1 de junho de 2005

Fomos traídos

Ok, sempre reclamo exaustivamente do bairro em que moro: distância, provincianismo, falta do que fazer... Mas eu vivo no Rio de Janeiro, logo, por mais que Realengo seja um lugar de difícil acesso, posso fazer umas viagens bacanas, uns destinos legais e longínquos, tais como Botafogo, Ipanema, Santa Tereza...

Além disso, não sou maniqueísta. Enxergo o lado bom daqui: a sensação de segurança e de familiaridade que rola toda vez que solto do busu. Sinto-me em casa... Existem, praticamente desde que me entendo por gente, o trailer do cara gordão, o barbeiro da esquina, os correios, a auto-escola, o homem que vende frutas e verduras na calçada, o doidão que costura os jeans destruídos, as escolas (Estudei em praticamente todas do bairro. Minha mãe era meio pancada), etc. Não conheço essas pessoas por nome, nem elas a mim, mas todos nos reconhecemos e nos cumprimentamos.

É bom, sabe?

Daí que hoje fui almoçar na pensão de comida caseira super bem feita que freqüento há anos em situações de emergência, como quando o povo daqui de casa viaja. Estava começando a dar a primeira garfada e eis que todos param de comer ou de atender aos clientes por causa dos gritos histéricos que vinham da esquina.

Alguém tinha sido assaltado.

E percebi o espanto meu e de todos os presentes. Aqueles mesmos que não conheço pessoalmente, mas que me são familiares pela constância da presença na rotina.

Fomos traídos: um grupo de pivetes entrou num salão de beleza e limpou a carteira de todas as senhoras presentes. Eles vinham do outro lado* e, depois que chegassem lá, ninguém os alcançaria. Realengo não é mais aquele bairro calmo em que, nos domingos, os caras soltam pipa na avenida e as famílias fecham as ruas transversais e abrem as cadeiras de praia pra sentar e conversar tranquilamente sobre a vida sem se preocuparem com tráfico, bala perdida, guerra entre grupos rivais, etc.

Podemos ser assaltados aqui também.

E Deus sabe o que mais pode vir a acontecer daqui a alguns anos.

Sim, quero me mudar daqui por vários motivos, mas fico triste em imaginar que um deles poderia ser a violência.

:-(

* O subúrbio do Rio tem muitos bairros cortados pela linha do trem. Logo, sempre existe um
"outro lado" de Realengo, Campo Grande, Bangu... Em alguns casos, um lado é melhor do que o outro. Dentro da minha perspectiva, aquele em que moro é o melhor. O outro é mais problemático... Favelas, etc.