segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

No último dia de trabalho, a Fernanda me achou muito esquisito quando saímos.

_ O que você tem? Seu astral está péssimo.

Nem tinha percebido. Daí vim com uma metáfora que não me saiu mais da cabeça:

_ A sensação que tenho é a de que sobrevivi a um acidente de automóvel, saca? Estou vivo, mas nem por isso feliz, pois um ocorrido como esse deixa traumas. É assim que me sinto com este fim de ano da escola. Exatamente assim.

Que coisa estranha o trabalho. É um lugar de tantas realizações, de prazeres, mas aí vêm as pessoas e complicam tudo com suas vaidades, disputas de poder, inseguranças. Realmente acho que 90% da população precisa de fazer análise. Talvez tivéssemos menos estresse. Pelo menos os meus só ocorrem mesmo por conta das paranoias das pessoas. Quando estou em casa, não tenho neura alguma. Vivo em paz, molhando o jardim, cuidando dos bichos, da casa, da roupa, vendo novela, lendo...

Sei lá. Nos meus devaneios de que ganhei na Mega sena, sempre achei que continuaria trabalhando. Agora, acho que não. Pediria demissão e iria ficar estudando por lazer, coisas assim. Eu adoro alunos em geral, mas lidar com os colegas é muito, muito chato!

Aí fica parecendo que agora, sim, com as férias, vivo a minha vida: os cães em volta, a casa pra cuidar, os amigos visitando, o Alexandre vindo aqui...

Estou feliz.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Give a little love

Caída, cansada, assustada e fraca. Assim ela estava quando passei com os meus belos e saudáveis cães para o banho semanal. No dia anterior, uma vizinha me tinha dito que iria levá-la a uma clínica veterinária que cuidaria dela e que depois a colocaria para adoção.

Saí para meus compromissos imaginando que ela já estaria encaminhada. Engano meu. Continuava na mesma situação de abandono de dois dias antes, exceto pela comida e água deixada por outros que, como eu, entenderam a situação em que se encontrava.

Decidi que não poderia mais ficar completamente alheio àquela cena que batia à porta da minha casa.

Dei-lhe uns petiscos.

Coloquei a coleira em seu pescoço.

Levei-a, insegura, para o banho.

Tratei das parasitas que, pouco a pouco, lhe destruíam o corpo.

Coloquei-a, isolada, num lugar quente e seguro.

Dei comida, água, remédio, vitamina, Cream crackers.

E amor.

"Você pratica o amor com os cães, não é?" Perguntou minha analista.

"Posso fazer tudo por eles que vou receber amor de volta,  sem a perversidade das pessoas." Veio-me à cabeça e à boca, em resposta.

"Essa perversidade seriam os abusos que você já sofreu quando amou?" Ela me jogou de volta.

Sim.

Acho que tenho que achar um jeito de amar sem criar de novo esse tipo de situação que tenho certeza de que vem junto com a carência, com a auto-estima baixa e com a sensação de que não mereço amor.

"Amor é algo que se mereça?" Foi o questionamento que ela levantou e que não sai da minha cabeça.

Ah, não sei responder agora! O que posso é cuidar da cadela por 21 dias com antibióticos, castrá-la, deixá-la linda, fazer um book ultrassofisticado de fotos e colocá-la em condições para adoção.

E talvez desfazer essa birra com as pessoas quando achar alguém responsável para amá-la e cuidar dela.

Eu queria desfazer essa birra com as pessoas quando achasse alguém responsável para me amar e cuidar de mim.


terça-feira, 29 de novembro de 2011

Ontem quando cheguei na vila vi que havia um cachorro perdido nela. Todo feio, magro, costelas aparecendo, vira-latas. Ai, que pena que me deu. Não consigo ignorar. O primeiro impulso foi levá-lo para casa: dar o de comer, um banho, uma caminha macia, amor. Não fiz isso. Fui dormir culpado pensando no frio e na fome que ele deveria estar sentindo.

Acho que a solidariedade toda que sinto com todos os cães é porque me identifico com eles. Sei lá, essa carência toda que têm de não conseguir sobreviver sem os humanos ajudando. No fundo, sempre esperei que alguém me salvasse ou algo assim.

Só que sou homem e isso não é real. Não vou ganhar na loteria, não receberei herança, não casarei com alguém rico, ninguém vai me dar o dinheiro de entrada da casa própria ou um carro de presente. Nada dessas coisas mirabolantes e rotineiras de novelas acontecerão comigo. Cabe somente a mim dar os rumos da vida que tenho. Posso ter ajuda, mas no fim conto mesmo é comigo.

Os cães não. Por isso me dá essa vontade de ir lá e resolver suas questões ou achar alguém que o faça.

Antes eu tinha um impulsos assim com meu ex. Que ridículo. E caía na chantagem emocional dele. Tenho sempre que lembrar que ninguém faz isso por mim simplesmente por que não é certo.

Sei lá. Algum dia eu consigo ter grana e sair por aí ajudando os cachorros de rua. Eles valem a pena.

Hoje, quando saía para trabalhar, cruzei com o viralatinhas de novo. Estava amedrontado. Acho que percebeu minha vontade de ir lá e salvá-lo porque balançou o rabinho. Olhei para o outro lado para não dar falsas ilusões me sentindo a mais terrível das pessoas. Pensava isso quando vi um pote de comida na calçada que alguém deixou para ele.

Não resolveu tudo o que eu sentia, mas fui pegar o ônibus me sentindo um pouco melhor.

domingo, 27 de novembro de 2011

Desde maio que ficava com o mesmo que afirma também só ficar comigo. Chegou uma hora em que isso me incomou, afinal, eu estava muito feliz solteiro, mas essa monogamia mútua e descomprometida começou a soar estranho. Estaríamos nós apaixonados?

Além disso, outra coisa ficou martelando na cabeça: acho que nunca me entendi tão bem com alguém na cama. Sexo é muito importante para mim e chegar a esse nível de intimidade com alguém não é algo que eu queira descartar. Como uma pessoa, digamos, bastante experiente, sei que é raro conseguir isso.

Daí respondi mentalmente a algumas perguntas que considero básicas, desde meus últimos relacionamentos.

1) Ele trabalha?
R: Sim.

2) É honesto e cumpridor de seus deveres?
R: Sim.

3) Ele me faz ficar em algum momento muito incomodado e sem paciência?
R: Não.

4) É esnobe ou se acha melhor que os outros por algum motivo?
R: Não.

5) Sou capaz de passar horas a fio ou quem sabe uma noite inteira com ele?
R: Sim.

6) Gosta de cães?
R: Sim.

Bom, a partir das respostas favoráveis, resolvi tomar coragem e perguntar se ele estava a fim de namorar comigo.

"Ah, está tão bom assim... Eu não sirvo pra esse negócio de namoro, não." Ele disse.

A princípio, fiquei aliviado, pois fico muito receoso de deixar alguém entrar na paz que a duras penas consegui ter. Mas na última vez em que nos encontramos, falou algo que ficou martelando na minha cabeça:

"Eu não sei o que é isso que a gente tem. É muito bom. A gente se encontra e eu sossego, mas depois de uns dias começo a pensar em você e a sentir saudade e a querer te ver. Daí fico no facebook pensando 'Será que não entra nunca?'. Muito doideira isso."

O que de início me deixou muito envaidecido, também me irritou. Ah, já passei por esses joguinhos de sedução em que nunca se sabe de nada. Eu fui morar com um cara nessas condições. Sei lá.

Decidi que não vou deixar de encontrá-lo, mas "monogamia" não rola mais. Estou a fim de comnhecer gente que possa entrar na minha vida, fazer companhia, ir ao cinema, cozinhar em casa, ver TV junto, confiar, sei lá...

Na verdade, já encontrei um outro carinha que me impressionou bastante, mas isso é outra história.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Cheio de novidades

Ele agora vem sempre com uma novidade. Da última vez trouxe várias e várias mudinhas de plantas para eu incrementar o jardim. Vem todo gracinha sem me olhar mostrando uns sacos de supermercado carregados de galhos.

Nessa nova vida de jardineiro, descobri que é muito comum arrancar galhos na rua. É meio que uma tradição o assalto de mudas das plantas alheias ou da rua.

Hoje ele veio com a máquina de cortar o cabelo para que eu passasse em sua cabeça.

Ele se recusa a pegar água da geladeira. Sempre tem que ser eu quem faz isso. Sempre que se recusa a fazer algo que satisfaça suas necessidades em minha casa, faz um sorriso meio de lado de cínico sem me olhar diretamente.

Eu fico completamente louco de desejo.

Outro dia eu dizia que estou muito feliz em Jacarepaguá, mas que não tinha muita vontade de sair de casa, pois as ruas são muito desertas e não tenho a sensação de passear, ver gente. Essas coisas que sempre curti fazer.

"Nem no Subway que abriu aqui perto dá vontade de ir. Ai, uma depressão andar, andar e não ver ninguém.", eu disse.

Na hora de ir embora, ele me fez ir com ele no Subway e comemos um sanduichão juntos.

Agora, há poucos minutos, colocou no meu mural do facebook que uma só transa não é mais o suficiente, que a gente tem que marcar de se ver mais cedo e que eu sou o dono dele.

Apaguei, é claro, a mensagem obscena que mostrava minha intimidade para todos os meus amigos de lá (a maioria deles alunos), mas não consegui ficar com raiva. Ele é muito gostoso e fofo.

Mal posso esperar que volte aqui.

SMS's de amor

Eis que de repente recebo várias SMS's de declarações de amor da minha melhor amiga. A mais fofa era assim:

"Eu te amo e agradeço a Deus por me ter enviado você. Bjssssssssss."

:-)

Sempre fico um tanto sem entender quando alguém diz que me ama. Ultimamente tenho tentado parar de simplesmente pensar no quão tal pessoa seria louca. Estou praticando a sensação desculpada de que eu mereço amor como todo o mundo.

E com ela posso ser exatamente como sou, discutir meus defeitos sem perder valor por eles, relaxar por não estar por perto de alguém inseguro. De repente, entendi que gosto muito de estar perto de pessoas que têm  a segurança de ser exatamente quem são em qualquer momento.

Recebi há pouco o convite para tomar café da manhã com ela bem cedinho.

Vai ser bom começar do dia assim. Com café e amor quentinhos.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Mais um fim de ano de resolução de pendências. Estou bastante envolvido em ficar em dia com a Receita Federal. Entrei com um pedido de impugnação de débitos (não sei bem o que significa, mas tem a ver com pagar menos multas...), parcelamento de dívidas e por aí vai. Se tudo der certo, em um ano me acerto e nunca mais caio na malha fina.

Parece que também tenho algum valor a pagar ao Estado do Rio por conta do abandono de emprego. Ai, meu Deus, quando penso que estou ficando zerado aparecem mais e mais cobranças. Pretendo aproveitar o décimo terceiro para quitar mais isso.

E vou esperando para que eu possa dar O Grande Passo. Estou ajeitando a minha vida inteira para Ele. Se há alguns meses eu vinha pagando e sofrendo com a sensação de que minha vida se resumia a isso, de alguma forma hoje a minha dureza e privação têm outro gosto: o de estar Construindo.

O melhor de tudo é que finalmente entendo qual é a graça de Jacarepaguá. Curto o sossego, o cheiro de mato, as ruas arborizadas, os imóveis jeitosos. Cada vez mais entendo que a felicidade está nas coisas mais simples e despretensiosas.

Fico pensando que daqui a cinco anos poderei olhar para trás e ver finalmente: uma vida organizada e consolidada.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Numa reunião, discutíamos o caso de dois alunos novos e sua adaptação à escola. Um coordenador afirmou que nesse momento cada um está achando seu lugar na turma:

"Marcando território. Mijando no poste."

Todos riram e eu fiquei meio atônito, pensando:

"Hein?!"

Depois, houve um momento para nos reunirmos em equipe e meus colegas começaram a elogiar a coordenação. Falei sobre meu desconforto com a fala acima, mas todos acharam-na razoável, que o contexto permitia e que eles não viam nada demais nisso.

...

Das duas uma: ou as pessoas realmente acham razoável discutir um caso de alunos como se estivéssemos num botequim ou elas estão preocupadas demais em puxar o saco que até mentem deslavadamente.

Seja qual for a resposta, me dá um certo desânimo com a sociedade e um desejo enorme de tirar férias... Dos meus colegas.
Prenderam o Ném. Havia policiais escoltando-o na fuga e foram presos. A cobertura do RJ TV os chama de maus policiais e vaoriza os que participaram da operação. Alguns homens deram entrevistas do tipo:

"Tenho muito orgulho da corporação e de ser policial."

Fiquei com uma certa vergonha ao assistir a isso. É um discurso muito simplista. Claro que só escolta bandido quem é mau caráter, mas tem coisas que percebo na estrutura da polícia que me dá vontade de fugir do país.

Como quando a gente passa pelas viaturas de cuja janela saem pontas de armamento pesado. Essa coisa ameaçadora deve ter sido criada para nos dar alguma sensação de segurança que em mim tem efeito inverso: morro de medo.

Fiquei ainda mais chocado quando tive que prestar queixa contra o cinema que foi negligente e causou o acidente da Fernanda. O cabo que preencheu o formulário ficou quase uma hora nessa atividade... E demonstrava extremo desconforto ao fazê-lo: um grande esforço, sabe? Quando falei o nome completo da minha amiga, não conseguiu deixar de resmungar:

"Que grande!"

Ele nos questionou se gostaríamos de prestar uma queixa criminal ou civil. No calor do momento, dissemos:

"É claro que a criminal."

Para tanto, alguém teria que ir à delegacia para fazê-lo, pois seria necessário prestar depoimento. Fui o escolhido. Lá, ele descobriu que isso não seria possível no caso em questão porque o que ocorreu não foi intencional. Ninguém deliberadamente decidiu machucar outro alguém. Ou seja: poderíamos ter resolvido tudo no hospital.

Em todos os momentos o cabo foi extremamente solícito. Ele é o que chamamos de bom policial, mas me chocou seu despreparo. Além disso, senti um certo desconforto quando falou do caso que atendera antes: o de uma velhinha que foi atropelada mais cedo por um ônibus. O que o imcomodou nessa história foi ter que ficar horas esperando perícia, IMLe outras coisas. Claro que isso tudo é um saco e denuncia a porcaria que são esses serviços, mas em nenhum momento percebi que ele se sensibilizou com o que aconteceu com a senhora.

Será que estou exigindo demais?

É óbvio que existem pessoas boas e más, com ou sem caráter, mas o bom policial não é somente o que não se corrompe. Os caras deveriam ser mais articulados, cuidadososos, sensíveis. O que sinto é um embrutecimento terrível, seja pelas bases de educação, seja pelas condições de trabalho.

E não vejo o RJ TV tratar muito disso. Nem as pessoas refletindo. Só vejo todo mundo querendo punir os que cometem crimes e pronto: resolveremos o problema da polícia.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Ontem falei pra ele que quando estiver velho, aposentado, penso em morar em alguma cidade pequena numa casinha com espaço para jardim e para os cães.

Ele disse que só pensa no aqui e agora. Não costuma se imaginar velho e jamais sairia do Rio.

Ele tem uma simplicidade que me encanta. Gosto quando vem aqui.

Lembrei que eu costumava ser assim. Talvez fosse por estar muito concentrado em estudar, em sobreviver ao trabalho, nas minhas paixões. Atualmente vivo planejando o futuro.

A minha analista diz que o que dá sentido à vida é isso: as metas, os planos...

Eu vivo sonhando com a minha casa. Em ter um lugar meu de verdade.

Eu penso nos meus cães e quero estar perto deles em todas as fases de suas vidas. Eu aproveito ao máximo o Miró no pouco tempo que lhe resta. E eu o amo tanto. Eu os amo tanto.

Eu espero que o papagaio viva muito e bem e que eu sempre faça parte disso. Eu o amo também.

Eu quero ser vizinho da Fernanda a vida inteira. Eu a amo tanto.

Também nunca quero ter outra faxineira que não seja a Tereza. Eu acho que a amo.

Eu espero ver meus pais felizes morando na casa de São João da Barra. Eu os amo.

Eu quero ter crianças na minha vida...

Às vezes me dá um desânimo. Especialmente quando penso no quanto falta para pagar o que devo. Tenho a sensação que minha vida se resume a: pagar. Mas não desisto: um dia termina.

E fico imaginando como seria envelhecer. Acho que deve ser legal chegar lá.
Na semana que passou eu andei de ambulância e na viatura da Polícia Militar. Quem sai para ir a um cinema na sexta-feira jamais imagina que a noite vai terminar assim.

Desde que voltei a ver novelas (atualmente vejo duas de gêmeas boas e más: Mulheres de areia, que está na reprise do Vale a pena ver de novo e Paraíso tropical, que baixo da internet. Isso mesmo: baixo. Muito vício), desencanei um pouco de filmes. Tenho até mesmo uma certa preguiça. Gosto de histórias em série, que demoram a terminar... Os personagens ficam na nossa vida como se fossem amigos, sei lá. Pior é que tenho percebido que até nos livros têm sido assim. Gosto de Harry Potter, Sookie Steakhouse, Desventuras em série... Histórias longas que duram sete ou treze livros. Adoro!

Mas eis que sexta a Fernanda me chama para ir ao cinema e me forço a ir, pois meu impulso foi dizer que queria era ficar quietinho curtindo a casa... Sei lá: talvez não seja tão saudável essa vidinha pacatérrima e topei ir meio com medo de o filme ser ruim. O título era alguma coisa com pele.

Acabou que, ao chegar ao cinema, tivemos gratas surpresas. Fomos sem saber à inauguração da Sala Vip do cinema do New York City Center pagando ingresso comum (a moça disse que os ingressos dessa sala custariam de 45 R$ a 65 R$, dependendo da sessão), que dava direito a um assento do tipo cama. Além disso, o filme que assistiríamos era do Almodóvar, o A pele em que habito!

Dentro da sala VIP, comecei a perceber as coisas chatas que nela havia, como um refrigerante custar 9 R$ ou o ar condicionado funcionar bem demais. Mas nada disso havia me preparado para o susto que passaria depois. Simplesmente a parede de granito do reservado caiu nos pés da Fernanda! Dá pra acreditar?!

Daí descobrimos que a sala deveria ser NIP (Not Important Person), pois na hora de socorrê-la percebemos que o elevador não funcionava, que os gerentes do cinema demoraram a agir, só acompanharam o socorro depois de pressão, enfim: um saco! A parte da ambulância foi a hora em que minha amiga foi levada ao hospital. Fiquei com ela enquanto o Fernando levava o carro. Parecia cena de novela. Enquanto íamos ao Barra D'or, uma viatura da Polícia nos acompanhou e depois tive que ir com eles à delegacia para prestar a queixa.

De repente, me dei conta de que a PM é super visada e eu estava numa viatura. Já pensou se alguém resolve nos metralhar? Além disso, o policial dirigia muito mal... Comecei a rezar, com medo de coisas piores ainda acontecerem naquela noite.

No fim, a Fernanda não se machucou gravemente e a noite calminha de cinema terminou às 4h40min da madrugada. ainda fico meio atônito pensando nisso.

Pelo menos o filme foi bom...

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Ontem eu estava extremamente aborrecido com a vida, com tudo, voltando no ônibus ouvindo Marcelo Camelo quando de repente começou uma gritaria.

_ Sai fora agora, seu filho da puta. Por que você gritou com ela?

_ Você é um viado, bicha!

Esses impropérios e outros foram emitidos em menos de um minuto. Pensei que era algum assalto, fiquei terrivelmente preocupado em estar carregando o laptop da escola na mochila (o que menos preciso agora é dever mais 2.000,00 R$ a alguém), mas não passava de um bêbado chato sendo impertinente com a trocadora e expulso pelo motorista.

Esse cara vive circulando na minha rua. Vira e mexe o encontro quando vou ao hortifruti ou à padaria. Sempre comprando cachaça, tentando desfazer algum mal entendido, enfim, passando vergonha. Eu já o havia notado por que me chamou muito a atenção o olhar de riso desacreditado que os comerciantes dirigiam a ele.

Em todas as vezes, inclusive na do ônibus, eu tive uma mistura de aversão e pena àquela figura. Eu tenho tanto medo do ridículo... E já houve tantos como esse homem na minha família...

Eu fiquei imaginando se esse cara teria filhos e o que eles sentiriam ao vê-lo criando situações para ser tratado dessa forma com toda a razão pelas pessoas.

Daí cheguei à conclusão de que pena mesmo mereceriam esses possíveis filhos. Eu nunca realmente me compadeci de gente impertinente que sofre as consequências da reação de suas vítimas retiradas da paz. Além disso, foi ele quem xingou o motorista de viado e bicha. Cretino, isso lá é xingamento?!

Enfim, no fundo, no fundo sempre dá medo de virar algo assim.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Luxo é poder ter algum colo onde se possa deitar silenciosamente e chorar sem ter que dar qualquer explicação, sem medo de parecer frágil, sem preocupação em ser julgado.

Esse colo nunca achei.

Acho que é por isso que curto tanto a solidão.

E os cães.

Hoje vou chegar em casa, eles farão a festa de sempre. Não terei colo, mas todos ao redor me dando atenção e perto deles poderei deitar silenciosamente e chorar sem ter que dar qualquer explicação, sem medo de parecer frágil, sem preocupação em ser julgado.

Pensando nisso, vejo que, apesar de tudo, há luxo na minha vida.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Ontem estava conversando com o Ugo sobre o medo que tenho de me apaixonar de novo. Afinal, eu sempre pirei com caras que nunca valeram a pena e morri de sono com os legais. Daí que depois de falar sobre um monte de coisas, levantei essa questão na análise.

_ Mas você já reflete sobre isso há algum tempo e identificou o que havia no Paulo que te atendia, não? - Questionou a psicóloga.

_ Sim, e acho que mudei bastante de valores.

_ Ficamos por aqui. (Ela é lacaniana - eu acho que eles encerram a sessão quando chegamos à conclusão, como se estivéssemos escrevendo um parágrafo).

E voltei pensando nisso. No quanto vejo as coisas de um jeito diferente hoje em dia.

Mais tarde, meu pai foi com minha mãe lá em casa me entregar umas roupas de magro do Daniel (trocamos de lugar: agora eu sou magro e ele é gordo). Assim que pôde, papai pediu para usar o computador e depois de algum tempo me mostrou o carro que ele vai comprar ainda essa semana.

_ Mas, pai, você terminou de pagar o carro atual?

_ Não.

_ Então por que você não termina de pagá-lo e fica com ele com um pouco de paz na vida, sem prestações?

_ Por que consegui uma promoção ótima e vale a muito a pena ter carro zero, já que dificilmente tenho que ir ao mecânico.

_ A Fernanda não tem carro zero, comprou à vista e nunca vai ao mecânico.

_ A Fernanda não viaja tanto de carro quanto eu e sua mãe.

Fiquei meio atônito e questionei:

_ Então quer dizer que o senhor vai passar o resto da vida pagando prestação de carro?

_ Sim, ué.

_ Não seria melhor então pagar uma prestação pra uma casa melhor?!

Acho que finalmente entendi de onde vem minha relação completamente absurda com dinheiro. Fiquei pensando no quanto eu gastava meu tempo em comprar aparelhos eletrônicos, roupas, etc.

Definitivamente mudei bastante de valores.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Às vezes basta uma boa noite de sexo e sono para a melancolia passar...

Já faz alguns meses que encontro sempre um mesmo carinha. É muito estranho: não tenho vontade de ficar com mais ninguém ao mesmo tempo em que não sinto também vontade de namorar. O mais engraçado me parece é que há reciprocidade da parte dele. Doideira, não?

De qualquer forma é bom saber que superei de vez o meu ex, o luto da separação, essas coisas.

Fiquei pensando na vontade que me dá de chorar quando vejo o Tonho da Lua ou quando ouço o disco novo do Marcelo Camelo. Eu lembro de uma pureza que parecia ter acabado em mim. Não sei se a melhor palavra é pureza. Talvez seja ternura. É isso. Daí me emociono.

E eu sinto uma ternura tão grande pelos cães, pelo papagaio, pelas plantas do jardim. Eu quero voltar a poder sentir isso por pessoas que amo. Elas existem e estão perto de mim, mas parece que criei uma defesa e não me permito.

Talvez eu fique tocado por esses velhinhos solitários que adoram conversar na rua ou por crianças em geral. Especialmente as que puxam papo comigo para perguntar a raça dos meus cães magrelos. Mas com adultos eu sempre fico um pouco tenso e armado. Estou sempre esperando chumbo grosso.

Quero resolver isso.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Eu ando tão melancólico... Esse final de semana foi meio assim. No trabalho, só fiquei animado quando tive que lidar com os alunos, pois aí não tem jeito. Mas era tudo fingimento. Se eu não demonstrasse alguma empolgação, a coisa não sairia.

De noite, no sábado, passei todas as minhas roupas assistindo aos capítulos que gravei durante a semana de Mulheres de areia. Deu vontade de chorar em quase todas as cenas do Tonho da Lua. A pureza me emociona.

A pureza que perdi.

O domingo foi inteiro de impurezas. Fiquei o dia inteiro assistindo pornografias e afins. Muita masturbação e busca de prazer que não trouxe qualquer alívio.

Das impurezas, a menos prejudicial. Pelo menos não saí trepando com qualquer um.

Então tem sido assim: eu acordo, cuido dos bichos, cuido do jardim, malho, trabalho, volto, cuido dos bichos, cuido do jardim, durmo... E são esses compromissos que fazem eu continuar seguindo, porque motivação mesmo tem faltado.

Sei lá como é que vai ser o futuro. Sinto como se estivesse num período de latência. Só tenho medo de despertarem de novo as tendências que pago tão caro por ter.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Eu olho para os preços de imóveis no Rio de Janeiro e penso que a vida é injusta.

Eu olho para as facilidades dos heteros e penso que a vida é injusta.

Eu vejo as famílias loucas nas quais crianças têm que crescer e penso que a vida é injusta.

Eu vejo cachorros largados na rua e penso que a vida é injusta.

Daí fico puto da vida e um tanto amargurado, mas todo mundo fala que a vida é assim mesmo: "são as olimpíadas e a copa", "quem disse que os heteros não têm dificuldades?", "a família é sagrada" e "Tem muita gente passando fome para pensarmos em cachorros".

Olha, bem cedo eu aprendi que a vida é assim. Desde os primeiros momentos em que tomei consciência da minha existência. E das injustiças que mais me incomodam, listadas acima, penso:

1. seriamente em mudar de cidade;

2. que os heteros que se fodam e bem longe de mim;

3. que as pessoas deveriam ter carteirinha de habilitação para poderem se reproduzir;

4. que um dia eu vou ter um terreno bem grande e distante de pessoas, alguma grana, e um monte de cães catados da rua como companhia.

E dá-lhe The mamas and the papas tocando, e dá-lhe molhar grama e dá-lhe cães ao redor pra eu ter a ilusão de que a realidade tem alguma coisa de boa.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Como havia esse estudo eletivo lotado sobre Caio Fernando Abreu, resolvi reler minha dissertação de Mestrado, pois há muito tempo não entrava em contato com uma perspectiva mais aprofundada sobre ele.

Aqui no blog está registrado. O meu processo de escrita foi muito complicado. Eu vivia com minha família, que sempre foi muito barraqueira. Eu comecei a trabalhar em escola particular, que sempre exigiu demais pagando de menos. Eu comecei a ficar deslumbrado com o desbunde da vida gay, que sempre é mais interessante que sentar e ficar escrevendo. Vivia fugindo da minha orientadora morrendo de vergonha e levei, ao final de todo o processo, uma bronca terrível dela antes e depois de defender.

Saí da pós-graduação disposto a só ler bobagens. Cumpri inteiramente a minha disposição.

Mas eis que releio o primeiro capítulo do trabalho e tenho um choque: não é que estava bom? Sem vaidade, nem modéstia: eu gostei do texto. Nem parecia meu, já que faz tanto tempo.

Daí comecei a pensar em quem sabe retomar a pesquisa num doutorado... Mas me dei conta de que quando estava fodido, separado, sozinho, na Glória, num apartamento horroroso, com a minha mudança somada às de duas outras pessoas, joguei todos os meus papéis de faculdades e afins fora, ou seja, toda a pesquisa sobre Caio que não era em formato de livro foi para o mendigo que andava cheio de cães e que tratou papel branco como pedra preciosa e valiosíssima. Hoje, toda uma vida de estudo deve estar em algum papel higiênico de folha reciclada.

Depois escrevi um email para minha ex orientadora perguntando sobre a possibilidade de ela continuar o trabalho comigo. Não obtive resposta dez dias depois. Isso significa algo.

Por fim, almoço com um quase-ex que vive de pesquisa e achei a vida dele muito triste. Prefiro a minha.

Então não sei se me esforço ou não para tentar doutorado. Eu estou feliz e satisfeito com minha vida profissional, mas às vezes sinto culpa por quem sabe estar um tanto acomodado. Além disso, eu sempre disse que nunca gostaria de sair do Ensino Fundamental. Agora estou no Médio e adorando. Será que o magistério superior e o trabalho acadêmico seriam tão ruins assim?

Ah, sei lá.
Semestre passado ofereci aos alunos um estudo eletivo sobre contos contemporâneos. De 70 até os 2000. As aulas mais divertidas foram quando falamos dos meus autores favoritos (narcisismo?): Caio F., Rubem Fonseca, Sérgio Sant'Anna. Acho que tem a ver com a linguagem literária muito próxima da baixaria.

Vulgaridade estética? Gosto disso. Por que será?

De qualquer forma penso que é literalmente um luxo ter condições de oferecer esse tipo de trabalho no Ensino Médio. Nessas horas eu amo muito o meu emprego.

Neste ano sou somente professor de Literatura na escola. Sempre dei mais aulas de Gramática, algo de que também gosto, mas nunca tive a oportunidade de trabalhar somente com o que me especializei. Sei lá, sinto que de alguma forma os alunos percebem a relação de liberdade ou de libertação que estabeleci com a literatura e sentem algo próximo disso também.

Quando era criança, sempre queria algo pra ler. Havia uma coleção de contos de fadas lá em casa e eu vivia mexendo naquilo. Quando via as crianças na escola com gibis da Mônica, morria de inveja. Uma vez, durante a aula na terceira série eu lia uma história tão divertida que não conseguia parar de rir. A professora Odaléa me tomou o gibi, que era emprestado, e não devolveu. Até hoje sonho em achar esse número (que era bem antigo, dos tempos em que a Mônica era publicada na Abril) pra terminar de ler a história. Nem preciso dizer que meus colegas mais abastados jamais me emprestaram gibis de novo. Tudo por causa do sadismo da vaca da professora.

Até hoje quando vejo algum aluno fazendo algo mais interessante do que a atividade que proponho na aula, cumpro meu papel de chamar atenção, mas tenho plena consciência de que deve haver coisas que, de fato, são mais interessantes que a aula. Até falo isso para eles. Nem sempre o que temos que fazer é o que gostaríamos de fazer. Eu, por exemplo, tenho que pagar uma fortuna de Imposto de Renda. Sem contar nas prestações da minha dívida que terminam em 2015.

Caramba. A turma que entrou este ano na escola vai se formar e eu ainda estarei pagando essa dívida.

O que me faz lembrar do meu ex que andou pedindo para me ligar. Dei o novo número meio curioso (e na esperança de receber algum pagamento do tempo em que o sustentei). Ele disse que viria ao Rio e que queria reencontrar a mim e ao cachorro. Falei que não achava uma boa ideia. Ele respondeu:

_ Cara, você não supera o lance da grana, né? Grana é a coisa mais importante da sua vida? E eu tenho o direito de ver o cachorro. Ele é meu também.

Digo aqui o que disse a ele. Grana é difícil de ganhar (se bem que gosto do meu trabalho, o que torna isso, de certo modo, fácil) e todo mês eu pago muito caro por tudo o que aquele tempo custou. E já que o assunto é esse, vamos, uma vez na vida, tratar cachorro como cachorro? O bicho não tem saudades nem qualquer despesas pagas por outro alguém que não seja eu.

E eu na esperança de receber algum dinheiro que ele tinha o dever ético de me devolver...

Falando em ética, mais uma vez a escola senta para discutir homoafetividade. Nessas horas eu fico muito exasperado com meu emprego. Na boa, o que tem pra discutir? Gays existem e exigem direitos. Por que a gente tem que parar tudo para os heteros superarem suas dificuldades com coisas que não lhes dizem respeito? Eu fico chocado com a cara de pau. Vamos fazer assim: cresça ouvindo de todos que qualquer manifestação gestual ou vocálica sua é errada, enfrente a decepção e o quase desamor de sua família, o bullying na escola, os namorados mal resolvidos e um monte de outras coisas e aí sim sinta-se no direito de fazer o mundo parar para que suas DIFICULDADES sejam resolvidas.

E neste semestre ofereci um estudo eletivo inteiramente dedicado ao Caio F. Lotou. Fiquei chocado. Alguns anos atrás eu só queria poder sentar e conversar com alguém sobre ele. Agora tenho uma sala cheia de alunos interessados em falar sobre.

E falar com aluno é sempre tão bom...

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Fui ligar para cancelar os cartões de crédito e descobri que há algumas burocracias que tenho que resolver, uma vez que há milhas acumuladas e que um deles é vinculado à minha conta e só pode ser finalizado quando estiver dela dissociado.

Nesse meio tempo, enquanto o atendente verificava as milhas que tenho, aproveitou para falar que o meu cartão é o mais completo que há no mercado, que até me dá seguro para qualquer acidente em viagens internacionais. Fiquei impressionado com o nível do serviço e comecei a refletir que talvez não valesse a pena cancelá-lo.

Mas de repente me dei conta de como sou otário. Atualmente, mal posso viajar a Macaé. De que me serve esta merda de seguro internacional dos cambau?!

Humpf.

Hoje fui ao banco e verifiquei que minha renda está comprometida até 2015. Terei 37 anos até lá. Fernanda me disse que é fácil juntar dinheiro e pagar antes se eu aprendesse a economizar em tudo o que se imagina. Ela me disse que tem um prazer quase sexual em gastar pouco para construir algo.

Preciso descobrir esse prazer. Sou frígido nesse sentido e pago caro demais por isso!

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Vira-e-mexe fico terrivelmente desesperançoso com tudo no mundo e morro de tristeza.

Acho que isso tem um fundo bem fútil e se deve ao fato de que, entre outras coisas, quando vejo o preço dos imóveis no Rio de Janeiro, cada vez fica mais claro que o meu lugar é Jacarepaguá.

Isso se eu for muito otimista com as minhas possibilidades de crédito no ano de 2014, quando as minhas dívidas finalmente acabam e quando acho que será possível financiar algo minimamente interessante.

Tem um lado meu que não esquece a Zona Sul... Aquela coisa decadente e solta, perto de áreas de lazer fácil e cheia de gente bonita com a cuca fresca... Ai, ai.

Estou aqui expondo da maneira mais honesta possível uma das minhas facetas mais vergonhosas e que mais me custam caro na vida: essa tendência de sonhar com uma vida mais glamourosa e tentar vivê-la a (quase - porque nunca perco a honestidade) qualquer custo.

Seria tão bom se eu tivesse saído da casa dos meus pais com mais planejamento... Não devia ter ido a Laranjeiras. Não podia ter me apaixonado por um cara que só tinha uma capa interessante e uma tendência a buscar uma vida glamourosa parecida com a minha só que com muito menos caráter. Jamais, jamais, jamais poderia ceder ao impulso completamente imbecil de viver com ele em Copacabana.

Só que eu fiz isso tudo porque me deixei levar pelos meus delírios de consumo e não me enxerguei de frente e vi meu valor real financeiro e moral, porque, afinal, eu não tinha dinheiro para nada disso e não me tornei uma pessoa melhor por fazer tanta merda.

Não dá pra desfazer as tolices. O que tenho são R$1.200,00 descontados todos os meses do meu salário para pagá-las.

Mas há coisas boas e não posso esquecê-las. Há alguns poucos amigos que tentam me dar força para aguentar. E tem também os alunos cheios de possibilidades e de animação pra vida. Eles fazem minha desesperança ir embora com tanto idealismo e ingenuidade. Sem contar nos cães... Mas acho que é melhor falar menos disso, pois devo parecer meio louco na minha paixão por eles. Ah, e é preciso lembrar sempre das plantas...

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Ele fica cantando "Triste é viver só de solidão" e eu fico pensando no quanto ele está certo.

Hoje meus pais vieram aqui cuidar de mim. Mas foram tantas as vezes em que me senti sozinho com eles por perto.

Ontem meus amigos vieram me visitar. Mas foram tantas as vezes em que me senti sozinho com eles por perto.

Normalmente não tenho visitas. E são tantas as vezes em que me sinto sozinho sem ninguém por perto.

Se alguém me perguntar quais são meus planos hoje em dia, aquela coisa que a minha psicóloga afirma que faz a vida ter sentido, os projetos, eu direi que não tenho algum. Basicamente é ir vivendo e esperando essa desesperança passar.

Eu não tenho mais esperança. E ele fica cantando:

Triste é viver só de solidão.

Triste é viver só de solidão.

Triste é viver só de solidão.

domingo, 13 de março de 2011

Eugênio

Só depois de muito tempo entendi que meu ex forçou tanto a barra para termos o cachorro porque queria com isso me prender. Acho que não enxerguei assim de cara por estar ocupado demais mendigando afeto de tão sem valor que eu me achava.

E por receber tão pouco eu também não sabia que estava tão ressentido. Então o feitiço virou contra o feiticeiro, pois só alguém terrivelmente insensível não percebe o valor extremado que qualquer cão dá ao seu dono. Comovi-me pela primeira vez quando acordei mais cedo para cuidar da sujeira do filhote que ficava na cozinha e depois deitei no sofá para terminar de dormir. O bichinho subiu e ficou encostadinho a mim.

E por incrível que pareça foi assim comecei a perceber que tinha valor.

Pela frase de efeito escrita acima parece que eu me acho de fato um cocô. Não é verdade... É sempre nas questões afetivas que me sinto assim: namoro, amizade, família. Acho que dá pra imaginar o porquê pelo histórico do blog.

Mas acho que mesmo com as humilhações, com a traição, com o abuso financeiro, foi só com o cachorro que comecei a ver que havia possibilidades fora daquela relação doente. E recebendo tanto amor, percebi o quanto me faltava na história que eu havia inventado. Não é à toa que às vezes acho que o Eugênio salvou a minha vida.

O Eugênio gosta de subir onde quer que eu esteja, depois suspira e encosta em qualquer parte do meu corpo. Ele fica me olhando com aquela idolatria. Depois relaxa e dorme.

Hoje eu o corrigi fisicamente num momento em que ele estava sendo terrivelmente inoportuno. Deu uma culpa pela agressividade... Sei lá. Eu devo muito a esse cão. Aos meus outros também. A todos os cães, porra!

É com eles que estou aprendendo a receber amor.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Tenho uma coisa a confessar: adoro trabalhar. Não tem jeito de eu ficar muito tempo desocupado e me sentir numa boa, não rola. O engraçado é que, como todo mundo, fico doido para voltar pra casa, sair mais cedo, etc., etc., etc. Entretanto, é tão bom saber que tenho que ir e fazer coisas, e ter ideias e tudo o mais.

Tenho escrito menos por isso. Ando bem cansado. Cansaço do bom... E também por que estou bem e tenho o péssimo hábito de escrever somente quando estou todo ferrado.

Trabalhar me faz bem. E olha que nem tem aluno ainda!

Tem outras coisas que acontecem e que me fazem bem também. Outro dia estava em casa e ouvi a faxineira chamando no portão. Ela chegou e havia um cachorro lá.

Olhei atônito: pretinho, pequenininho e sujinho. Senti aquilo que sempre dá quando cruzo com cachorro perdido na rua. Um misto de pena, vontade de fazer alguma coisa ou de simplesmente não me envolver. Olhei mais detidamente para ele e saquei que era filhote.

Acho que buscando alguma afirmação, liguei para a senhora que dá banho na minha matilha. Ela disse:

Pega! Foi São Francisco de Assis que mandou pra você.

De fato, pensei que não tinha sido à toa que ele teria parado justo ali. Peguei-o, levei para o banho, liguei para a veterinária vir vacinar, fui para o pet comprar as primeiras necessidades: vermífugo, comida de filhote e anticarrapaticida. Chegando lá, perguntei se poderia colocar um daqueles pôsteres de cães para adoção. A atendente, que já me conhece, disse que sim. Fiquei resmungando para mim mesmo que eu era doido, que obviamente o bicho ficaria enorme e que por isso dificilmente arranjaria dono para ele. Ouvindo isso, a moça do pet falou:

Mas tem um rapaz justamente procurando um vira latas filhote de porte grande para fazer companhia à cadela dele! Deixou telefone e tudo!

O fim da história é feliz. O bichinho já tem dono! Assunto resolvido em menos de uma semana. :)

Quando o rapaz veio buscá-lo, senti uma coisa bacana. Faz bem ver que coisas bacanas e simples podem acontecer depois da tempestade.

:)

sábado, 29 de janeiro de 2011

Ficar de férias em recuperação da crise financeira é foda.

Todas as pessoas significativas da minha vida (esse número não chega a 10) estiveram ocupadas ou viajando. Momento extremamente oportuno de entrar em crise e, por fim, me dar conta de que não aguento mais viver assim.

Eu tenho medo das pessoas legais. Não as deixo se aproximar.

Fico muito mais à vontade perto de companhias que inconscientemente (ou conscientemente) sei que não serão bacanas para mim.

Saquei que cada vez mais tenho me cercado de animais por neles encontrar o afeto que desesperadamente procurei de maneira viciada e equivocada em relações anônimas ou doentias.

A Fernanda diz que não mudaria em nada a minha infância porque, assim como o Harry Potter, eu não seria quem atualmente sou se as coisas tivessem sido mais fáceis. Ela diz que eu e ele somos especiais.

Eu gostaria que fosse diferente, sim. E não me acho especial. Só me acho muito fodido. Todo fodido.

Minha psicóloga quis entender como vez ou outra sou surpreendido pelo valor que gente como a Fernanda me dá e que não consigo enxergar em mim.

Respondi que desde criança tenho muita culpa e medo de ser descoberto. Fui sexualmente iniciado muito jovem em circunstâncias socialmente proibidas e religiosamente pecaminosas. Passei toda a vida adulta reproduzindo isso na minha vida sexual e, por isso, tenho medo de gente legal e me sinto à vontade perto de companhias que inconscientemente (ou conscientemente) sei que não serão bacana para mim.

Então finalmente entendi porque sempre me dei tão pouco valor.

E fui ao DASA e ganhei da Mônica uma bíblia.

Aguardo desesperadamente a volta ao trabalho para não ficar tão à mercê disso o tempo todo na cabeça.

E que Deus me ajude.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Entrei numa viagem de que herdamos de nossos parentes não só as características físicas, como também as psicológicas. Comecei a pensar sobre isso quando os cães chegaram. Li muito sobre as raças e fiquei intrigado com o fato de certos cães que apresentam características "indesejáveis", como agressividade e agitação excessiva, são retirados do programa de criação. Ora, por que isso não se aplicaria aos humanos.

Fiz algumas disciplinas de psicologia e de sociologia no curso de Letras e saí com a tendência de acreditar que somos todos resultado de cultura e família (consciente de que minha afirmação é simplória). Nada sei de genética, mas sei lá...

Percebo que na família do meu pai o sexo ocupa um lugar muito importante. Não lembro de qualquer um dos parentes que não oscile entre a sensualidade e a vulgaridade. Já na família da minha mãe, percebo uma grande busca espiritual. Questões de alma e existência fazem esse pessoal oscilar entre o equilíbrio e o fanatismo.

Será isso somente o meio ambiente?

Tenho, entretanto, dois tios de cada uma das famílias já falecidos cujos comportamentos me intrigam. Ambos tinham o vício do alcoolismo e morreram em decorrência dele (um atropelado e outro de sirrose), ambos eram muito isolados de todos, solitários. Um descobri que era homossexual por relato da minha mãe, o outro jamais apresentou uma namorada, esposa, o que seja. Suspeito que fosse também. Só que, ao contrário de minha mãe, que sempre me expõe tudo, fala de tudo comigo (suspeito que falando para si mesma), meu pai é uma pessoa extremamente reservada. Jamais sei de fato o que ele pensa das coisas.

E penso o que tenho desses dois tios em mim. A cada ano que passa, mais isolado e solitário fico. É uma queixa, mas também sei que de todas oportunidades que surgem de estreitar um contato mais íntimo com quem quer que seja, fujo correndo.

Jamais estive mais em paz do que atualmente, que estou completamente só. TODAS as vezes que vivi com alguém (inclusive minha família) tive a sensação desesperada de sufocamento e invasão. A solução não é essa solidão, eu sei. Está em conseguir estabelecer relações saudáveis com as pessoas.

Eu quero tanto, só não sei direito como começar.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Recebi um email cujo remetente tinha meu nome e sobrenome. Quando abri, saquei que era vírus, mas, muito estranho: uma antiga conta por mim abandonada havia de fato mandado. Fui lá averiguar e foi coisa simples de resolver. "Eu" estava mandando vírus para uma galera enorme!

Numa dessas coisas obsessivas de organização que às vezes me dá, resolvi limpar a caixa de entrada, que tinha quase duas mil porcarias. Fui fazendo a faxina até que cheguei à época em que efetivamente usava o endereço como meio de comunicação...

Com os emails, acho perdemos o hábito de guardar as correspondências. Vira e mexe saem edições de cartas de escritores famosos falecidos antes da era virtual. É sempre um prazer ler. Adoro! Chorei e ri muito com as cartas do Caio. Parei também de acreditar nessa onda de figura-mítica-sobrehumana que associaram à Clarice. Em especial por conta de quando ela escreve ao filho dizendo que ficou horas numa fila de escola para matriculá-lo. Quer coisa mais normal?

Eu tenho uma caixa de cartas no armário. Coisa da adolescência que nunca tive coragem de jogar fora. Na verdade, tenho uma coisa com papéis em geral. Preciso dos meus livros e gibis sempre por perto, à mostra, à disposição. Tenho desconfiança desses livros eletrônicos.

E qual não foi a minha surpresa ao reler emails antigos que eu nem mais lembrava que haviam existido? Sempre fui adepto de Outlook e, vira e mexe, mudam-se ou formatam-se os computadores... Comecei a reler coisas tentando entender em que contexto elas se encaixavam.

Então revivi coisas que aconteceram há poucos anos, mesmo parecendo que tenham ocorrido há quase uma década. Lembrei de carinhas por quem paguei paixões muito tolas, de amigos que foram embora porque sumi, porque mandei que fossem, por que quiseram ou porque a vida é assim mesmo.

Nesse momento de reclusão e de repensar a vida, fico tentando achar um jeito de ser menos doido nas minhas relações para deixar que antigos erros não se repitam. Acessar meu email abandonado pode não me dar essa resposta, mas me deu a sensação gostosa da saudade (mesmo que eu não queira voltar àqueles dias...).

Muitos emails eram de avisos do orkut de mensagens que havia recebido numa conta que não mais existe. Não tive como revê-las...

Daqui a pouco email também será obsoleto...

Ah! Não quero perder as mensagens que recebi ou receberei nessas redes sociais. Sei lá, vou dar algum jeito fazer um histórico do meu Facebook.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

A Fernanda resolveu ler meu blog e elogiou muito. Só fez uma crítica: na época das baladas, era chatíssimo.

Tenho que dar o braço a torcer e concordar com ela.

Mas lembremos que isso aqui serve de diário, terapia, ocupação em dias de tédio, passatempo, o que eu desejar no momento. Não tenho compromissos literários nem sociais. Se houve um tempo em que o que eu tinha a dizer era um bando de futilidades e esse era o meio de colocá-las no mundo, que fiquem todas bem registradas. Não apagarei nada por vergonha.
Então minha analista fez uma observação meses atrás que desde então não sai da minha cabeça:

Por que você não faz mais coisas legais?

Coisas legais? - Retruquei.

Sim, você parece repetir dois padrões: ou o isolamento social ou a porralouquice. Por que não fazer algo legal, já pensou em viajar?

E discorreu sobre isso.

A grana não deu pra viajar nestas férias. Seria muita coisa: arranjar hotel para os cães, passagens, hospedagens, etc. e tal.

Para não assumir que criei impedimentos para as coisas legais, tenho tentado fazer as coisas legais por aqui mesmo...

Outro dia tomei coragem e fui de bicicleta à praia da Barra. O meu medo eram os motoristas de Jacarepaguá, que parecem analfabetos em leitura de semáforos. Bom, eles continuaram os mesmos, não parando no sinal vermelho, mas fui! Valeu a pena!

Liguei para amigos que evitava desde o estouro radical da crise financeira (eles sempre me chamavam pra sair. Sair = gastar). Acabei indo a um openhouse de conhecidos em Santa Teresa. Apesar do calor, uma experiência interessante. Havia bailarinos nessa festa. Sempre bom estar perto de artistas... Começaram a cantar desafinadamente e a batucar sem a menor vergonha. Adoro artistas...

Domingo fui jantar com os Fernandos e um amigo deles com quem nunca decidi se simpatizava ou não. Acabou que a noite foi extremamente agradável.

De fato, minha psicóloga tinha razão. Basta se dispor e coisas legais acontecem.

Mas cá estou eu, novamente. Se não chove, faz um calor terrível. Não dá vontade de sair de casa. Depois de maratonas de séries, me dou conta do tédio e da solidão que sinto durante a semana nas férias e não sei muito bem o que fazer com isso.

Todos os dias prometo entrar na academia novamente, mas todos os dias prometo que será no dia seguinte!

Humpf.

Pelo menos já marquei para sábado almoço com meu querido Cramus! Vou fazer alguma comida bem pobrinha e comeremos felizes da vida olhando a jabuticabeira, com os cães andando ao redor!

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

A minha mãe é uma das pessoas que mais admiro na vida. Não é por conta de amor cego de filho. Reconheço-lhe defeitos e qualidades. Um exercício que venho praticando esse ano: enxergar o valor real meu e dos outros. Sem idealizações, sem vilões.

Poucas pessoas conheci que evoluíram tanto com os anos. A maioria não sai do lugar.

Hoje nos falamos. Ela sempre dá um jeito de informar os conflitos que ocorrem dentro de si. Falou-me da nova namorada do meu irmão, que é mineira e mora em Juiz de Fora.

"Tão complicado isso de as pessoas se apaixonarem por outras que vivem longe..."

Entendi tudo. Está com medo de que ele se mande para as Minas Gerais.

Sempre que de longe a observo, dá um aperto no peito. Afinal, eu e meus irmãos somos pessoas muito independentes. Deve ser difícil vislumbrar o tempo todo os seres que eram quase extensão dela indo tão dispostos para a Vida. Quebrando a cara, realizando coisas, se fodendo, mas indo...

Nessas horas me dá uma certa angústia por não fazer tanto parte de sua rotina. Terça passada, ela veio e me fez um shiatsu (atualmente estuda essas terapias orientais). Perguntou se não quero fazer semanalmente.

Eu quero. E queria poder todos os dias!

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Tenho pensado no meu avô paterno. Desde criança minha mãe falava que ele bebia muito e que batia na minha avó. Mas ele tinha uma certa afeição distinta por todos nós da minha família nuclear. Quando ele morreu eu era muito novo, mesmo assim lembro de ele chorando nos cantos quando íamos embora de São João da Barra no fim das férias. Também lembro de quando ele apareceu de surpresa para passar uns dias conosco quando ainda morávamos em Vila Valqueire. Ele era um velho forte, com uns olhos verdes muito intensos e sisudos. Andava sempre de boné em sua bicicleta, onde havia instalado um aparato que permitia carregar bebês sentados no guidon. Nele, colocava os netos e saía pela cidade, exibindo-os.

Outro dia, meu pai me contou que ele era filho bastardo de um ricaço de Campos. Foi registrado no nome do cara e tudo. A mãe dele era dessa mulheres que tinha quatro filhos, cada um com um homem. Ele recebeu uma herança e, com ela, investiu na casa que até hoje existe.

Ele inventava várias formas de ganhar dinheiro. Teve fábrica de picolé (que depois virou de gelo. eu nunca entendi porque alguém comprava gelo dos outros, mas me explicaram que eram os pescadores...), padaria, negócios que nunca foram para a frente. Ele era mesmo pedreiro. Assim se sustentava de fato.

Todos os filhos homens saíram de casa cedo, pois não aguentavam presenciar as terríveis surras que ele dava na minha avó. Fico impressionado com essas presenças familiares inquestionáveis que havia antigamente. Ele jamais admitiria alguém lhe mostrando que o que ele fazia era errado e perverso. Sempre fico chocado com pessoas que fazem mal às outras sem constrangimento. Nunca entendi.

Vejo fotos dele e o vejo no meu pai. Também vejo muito de sua personalidade nele. Só não sei explicar o que... Que fique claro que ele não bate na minha mãe. Imagina!

Fico tentando imaginar o que tenho dele em mim...

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Eu vivi uma experiência de abuso na infância. É complicado definir assim quando ocorre a partir de uma também criança um pouco mais velha. Mas não tenho outro nome para dar. As minhas mais remotas lembranças já têm em si estimulação sexual. Cresci assim.

Eu lembro da culpa, da sensação de se fazer algo errado. Algo muito ruim, que me levaria para o inferno. Entretanto, mesmo com esse medo, eu não recusava as investidas que recebia. Muito pelo contrário, ficava extremamente excitado.

Agora, escrevendo isso, me dou conta de que minha sexualidade se manifestou justamente em um contexto que só poderia vir cheio de culpa. Lembro que, quando me descobri homossexual, também tinha o mesmo medo de ir para o inferno. Talvez por isso eu goste tanto do Espiritismo, única religião que me trouxe algum consolo.

Vivi assim até os 14 anos. Lembro quando eu impus um limite e terminei com o que aqui chamo de "relação abusiva", por não ter um termo que melhor a expresse.

E isso era tema superficial que eu levava para a análise. Não conseguia enxergar como algo aparentemente tão distante poderia ter reflexos na minha vida adulta.

E é só o que tem. Nas minhas relações afetivo-sexuais, nos amigos cujas invasões eu vou aguentando até que não consigo mais conviver com eles.

E aí talvez dê para entender tudo por que passei e que deixei aqui registrado esses anos todos.

Agora já sei de onde vem tanto equívoco. Já consigo, mesmo fora de uma sessão, observar como esse padrão se manifesta em mim. E tenho que arrumar um jeito de dosar minhas relações, quaisquer que sejam, como venho tentando fazer com dinheiro ou como fiz com comida, quando emagreci.

Atualmente pago todos os preços de todas as escolhas erradas que fiz. Talvez eu ainda tenha outras dívidas a quitar, mas acho que, como meta de ano novo, prometo não mais comprometer tanto a minha vida ao ficar repetindo os traumas de infância.

O pior é que eu nunca levei a sério essa história de trauma de infância...

:(