segunda-feira, 26 de março de 2012

"Estou com saudades."

"De quem?"

"De você, ora. Já estou com saudades."

Estávamos terminando de tomar café na Nova Belém. Passamos a noite juntos, aquelas coisas. Diversas vezes ele vem com uma dessas e eu fico na maior saia justa.

"Cara, estou tão feliz!" Eu disse, na quarta-feira.

"Por quê?"

"A conta d'água baixou! Veio R$90,00!"

"Pôxa, pensei que você estava feliz por eu estar aqui..."

"..."

Tem duas semanas que nos vemos. Ele me parece legal, inteligente, bacana, masculino. Tem umas travações com sua condição de gay. Não falou para a família, para os amigos, tem vergonha. Quando vou de putaria dizer que quero fazer alguma sacanagem ou que gosto de sacanagem assim assado, ele diz:

"E eu gosto de você."

Ontem ele perguntou se quero namorá-lo. Preferi sair pela tangente e dizer que é melhor a gente ir com calma, etc. e tal.

A verdade é que acho que simplesmente não estou a fim. Só que faz um tempo que desconfio de mim mesmo. Essa coisa de se apaixonar é meio escolha. Não acho que tenha escolhido esse cara. O problema são os que eu escolho. Não deveria tentar fazer diferente?

Talvez eu prefira viver na idealização do que foi embora pra Londres.

Só sei que fico tão nervoso com essas situações... Dá vontade de romper logo, parar de ficar. Dizer que não vou me apaixonar e não sei mais o quê.

É o segundo cara que pede para me namorar neste ano. É o segundo que rejeito.

Humpf.