sábado, 26 de novembro de 2005

Era uma terça-feira, à tarde. Eu ia ruminando no busu para Cascadura o quanto odeio o emprego da escola do Méier e o quanto cada vez mais me parece impossível continuar por lá para o próximo ano letivo e no que eu iria ter que fazer para arranjar alguma coisa que substituísse essa renda.

Eu sou um cara meio obsessivo. Quando fico com alguma coisa martelando na cabeça, não penso em mais nada. Não reparo em mais nada.

Só que um grito de assalto me tirou dos devaneios. Um velhinho parecia desesperado enquanto um cara jovem levantava da cadeira estendendo um revólver enorme. Foi rápido o lance. Eu fiquei congelado. Rezando dez mil pais nossos na cabeça e preparando-me para ficar sem documentos e, pior, sem as provas dos meus alunos.

Mas não. O cara só queria saber do velhinho. Devia estar seguindo-o do banco ou algo assim. E todos no ônibus ficaram com aquele jeito e aquela cara de "Oh, não! Aconteceu perto de mim. Ele podia ter atirado e me matado ou me roubado também".

Sei lá. Quando a gente acha que o mundo é uma merda, ele vem e fica ainda pior!

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