segunda-feira, 2 de julho de 2007

Um dos piores lugares para saber que o pai de uma amiga de quem se gosta muito faleceu é no trem direto à Santa Cruz às 18h35min. A pessoa te dá a notícia e você fica: "Hein?!", "O que você disse mesmo?", até que a ficha cai e nem dá para falar nada direito, a não ser o "sinto muito, conta comigo para o que precisar" e depois ficar lá, no vagão lotado com os olhos cheios de lágrimas sentindo aquela dor pelo outro que, na verdade, é dor por si mesmo.

Que coisa estranha é a morte. Que coisa terrível é saber que ela existe e que é a única certeza de que temos na vida. Que coisa maldita é essa dor que sentimos quando alguém se vai e esse medo que temos de que ela se aproxime de nós. E que coisa chata é ter que ficar, emocionado, refletindo sobre tudo isso sem a menor privacidade num trem urbano lotado.

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