quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Ontem resolvi fazer diferente e ir a Realengo de busu em vez de trem. Não queria correr o risco de ir em pé, sabe? E pensei que um daqueles expressos que vão pela seletiva da Brasil poderia ser mais rápido.

Peguei um tal de S-10 (Bangu) lá na Central. Perguntei ao motorista se passava na praça do Canhão, ele disse que sim. Entrei meio desconfiado. Sabe quando você tem a sensação de que foi respondido sem que houvessem ouvido a pergunta direito?

Primeiro choque: O ônibus estava lotado. Pensei que não havia problema, afinal, ia ser rapidinho mesmo, fazer o quê?

Segundo choque: Passamos direto pela saída de Realengo na Avenida Brasil. Meio constrangido, perguntei a algum pessageiro aonde iríamos parar. "Buraco do Fainha", ele disse. "Caralho", pensei.

Terceiro choque: Um velho-magrelo-desdentado-bêbado começou a xingar todo mundo. Que boca suja, cara! Ele ameaçadoramente ficava acendendo um isqueiro sei lá para quê. Até que uma senhora-idosa-de-70-anos-crente (como ela mesma fez questão de enfatizar) começou a bater boca com ele. Foi mais ou menos nessa hora que liguei para minha mãe para dizer que me atrasaria um pouco.

"Que barulheira é essa aí, meu filho?"

"Nem te conto..."

Assim que desliguei, houve uma parada para as pessoas descerem e, de repente, o povo começou a gritar:

"EXPULSA, PÕE PRA FORA!!!"

Uma mulher corpulenta e decidida se levantou do lugar e, aos empurrões, colocou o bebum na rua. Aplausos gerais, risadas, inícios de bate-papos... Aquela catarse de quem está numa situação horrorosa, mas que se diverte assim mesmo.

Essa cidade é louca, eu sou um idiota que vive se metendo em furada (e vou vendo no que dá até poder sair dela - leia-se o Buraco do Fainha), minha rotina é pauleira e fodida, mas estou feliz assim mesmo.

À noite, quando cheguei a Copa e saí da estação do metrô, vi umas pessoas tocando algum instrumento num bar, o povo andando descolado na rua, os mendigos da Bolívar, o meu prédio.... Agradeci a Deus por mais um dia e fui dormir bem.

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