quinta-feira, 27 de maio de 2010

Fazia muito tempo que não tinha um domingo de paz. Leia-se por domingo de paz aquele em que eu basicamente fique em casa olhando o dia passar sendo seguido por toda a parte pelos cachorros.

Há dois domingos, aconteceu o dia das mães e fui ver a minha, obviamente. No da semana passada, uma grande amiga fez festa de aniversário que rendeu o final da manhã e a tarde inteira. Esse último era véspera do meu aniversário e a Fernanda resolveu chamar as pessoas para uma reuniãozinha aqui em casa.

Confesso que nos últimos dias andava triste da vida. Não via razão para comemorações. Sinto saudades da ingenuidade de alguns anos. A beleza das primeiras idades é a crença de que faremos tudo certo. Mesmo que tudo esteja errado. Entrar numa faculdade de Humanas ou Letras é desenvolver utopias de mundos perfeitos. Eu particularmente achava que dava conta: usar cinto de segurança, não fumar, ter uma boa relação com álcool e drogas, amar de maneira equilibrada, sempre usar camisinha, ser um cidadão que faz diferença no mundo, engordar jamais.

Pelo menos para mim, os trinta e dois anos são de desilusões.

Ok, esse blog deve sempre parecer deprê. Não é, porra. Não estou deprimido. Não vivo triste.

É uma sensação estranha ver que descumpri todas as regras que estabeleci para mim em algum momento.

Não dei conta de tudo.

E cá estou, como todo mundo, vivendo todos os dias tentando chegar lá: sabe-se lá Deus onde.

Do que quero dar conta agora? Da casa própria, sonho-da-classe-média que não sai da minha cabeça? De alguma relação perfeitinha e equilibrada? Adotar alguma criança?

Se tem alguma coisa boa em construir utopias é a esperança que se cria de que hoje será um dia bom, então acordo, cuido dos bichos, ando com eles e vou trabalhar. E trabalhar cansa, enche o saco, mas é tão bom sempre! Depois volto para a casinha, cuido dos cães, eles ficam perto enquanto faço qualquer coisa muito tola até dormir.

E percebo a coisa boa que é ter uma rotina.

Ah, nem sei se reclamo mais da falta dos domingos de paz, porque isso significa que estou em família, ou comemorando o aniversário de amigos queridos, ou que estou comemorando o meu próprio aniversário (sim, parece que vale a pena) com amigos queridos, família e cães por perto.

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