quinta-feira, 26 de julho de 2012

Não gosto de gente carente. Aquele povo que fica dia e noite no Facebook ou no Twitter postando, que pede muito carinho, que fica insegura quando se apaixona, que de repente sofre por descobrir que a vida seria intolerável na falta de certo alguém.

Sou exatamente a descrição de pessoa que imediatamente acima descrevi e disse que não gosto. Desde cedo aprendi a não querer contar muito com os outros e a viver sozinho: não gosto de esportes coletivos, trabalhos em grupo, dividir nada. Acho que por isso tenho poucos amigos, companheiros. Ou tenho a dificuldade de valorizá-los, mantê-los por perto.

Tenho uma amiga que era presente na minha vida. A gente fez pós juntos, depois Mestrado. Fui à sua defesa, a gente se visitava de vez em quando. Acompanhei na rede social que recentemente ela se apaixonou por um norueguês e nesta semana fez as malas e foi embora para lá viver com ele.

Não me despedi. Em algum momento, abri mão de nossa relação e a deixei escapar. Faço isso sempre... Acho que as pessoas uma hora desistem de me procurar, sei lá. Eu nunca dou muita trela mesmo.

Isso piorou acho que quando comecei a ter vida sexual. Outro dia a Fernanda me disse que o sexo deve ser o único momento em que tenho carinho humano. Fiquei pensando e me dei conta de que é verdade. Quando comecei a aprender a buscar sexo, passei também a dar menos importância para os amigos, afinal, eles não eram prioridade. Transar era.

E toda vez que me apaixonei por alguém com quem transei foi aquela explosão de desespero. Como se num solo árido de repente chovesse torrencialmente, como se um faminto descobrisse que tem diante de si um banquete.

Nunca achei que merecesse muita chuva ou o banquete. Sempre olhei para a chuva e para a comida com medo, mas, se algum dia me permitisse tomar banho ao ar livre ou satisfazer a minha fome, não conseguia mais sair debaixo d'água ou da mesa. Aquela coisa de "pobre quando come se lambuza". Eu não sei receber afeto e me satisfazer com ele.

Acho que direciono mal a minha vida nesse sentido. Detesto perceber como sou carente. Odeio me ver agir de forma carente. Não aguento ter esse vazio que eu gostaria de preencer de maneira racional e equilibrada, porra.

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