domingo, 4 de abril de 2004

Chorei

Eu já falei da Clarice Lispector aqui outro dia. Hoje eu estou relendo pela milionésima vez provavelmente A hora da estrela e não pude controlar o meu choro ao ler isso:

Macabéa gostava de filmes de terror ou de musicais. Tinha predileção por mulher enforcada ou que levava um tiro no coração. Não sabia que ela própria era uma suicida embora nunca lhe tivesse ocorrido se matar. É que a vida lhe era tão insossa que nem pão velho sem manteiga. Enquanto Olímpico era um diabo premiado e vital e dele nasceriam filhos, ele tinha o precioso sêmen. E como já foi dito ou não foi dito Macabéa tinha ovários murchos como um cogumelo cozido. Ah pudesse eu pegar Macabéa, dar-lhe um bom banho, um prato de sopa quente, um beijo na testa enquanto a cobria com um cobertor. E fazer que quando ela acordasse encontrasse simplesmente o grande luxo de viver. (LISPECTOR, Clarice. A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. p. 58-59)


Cara, que mulher FODONA é essa Clarice! Talvez seja um sacrilégio usar esses termos para me referir a ela, mas não encontro nada melhor. Eu sou uma manteiga derretida mesmo, eu sei, mas pra me fazer chorar lendo tem que ser muito poderosa. Antes dela, só o Caio Fernando Abreu e o Guimarães Rosa.

Era basicamente o que tinha a dizer. Agora eu volto à função de leitor. Abraços a todos.

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