segunda-feira, 20 de dezembro de 2004

Devo isso a ele

Meu tio morreu. Um que era gay. Um que permanecia distante de todos, talvez por vergonha, mesmo vivendo em pleno Rio de Janeiro. Também, o que esperar de alguém que nasce em plenos anos 50 e se descobre “diferente” no meio de uma família de gente chucra, ignorante, violenta?

Fazia alguns anos que não o via. E ele foi atropelado na Presidente Vargas sexta-feira, indo para o trabalho. Só soubemos hoje.

Fico imaginando se ele era muito solitário, mas acho que não. Penso em sua vida e no quanto tudo deve ter sido barra. Decidi, então, que tenho que ser feliz e que aproveitar bastante toda liberdade de que desfruto. Acho que devo isso a ele.

Estou triste.

:-(

Mas vou imaginar a cena que minha mãe descreveu depois que o visitou, meses atrás, no hospital (uma internação por problemas estomacais): ele andando de havaianas rosas pela enfermaria!

Valeu, tio! Arrasou!

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