quarta-feira, 16 de novembro de 2005

O intocável

Quando adolescente, era um caso perdido. Cheio de espinhas, um cabelo crespo mal cortado, barba estranha, corpo desengonçado e por aí vai. Ao contrário de mim, havia muita gente que tinha a sorte de ser absolutamente o contrário, bem aquele clichê de Carioca-Surfista-Sarado-Cabelo-Asa-Delta-Esvoaçante.

Crescer nessa cidade sendo um Freak-Creap-CDF nato não é fácil. É tortura ver esses caras andando de bermudas de tak-tel (horrorosas em qualquer um que tenha a mínima barriga) e sandálias havaianas, mostrando os peitos levemente protuberantes e as faces sempre alegres que só as pessoas realmente seguras com a própria aparência têm. Pois a situação é foda mesmo. Ser um cara desses? Impossível. Ter algum interessado? Impensável. A gente até perdoa (ou perdoava) cafonices como aquele terrível Nauru, calçado destruidor de meias brancas da Redley. Quem se importa com sapatos? Quem OLHA para sapatos?

Só que o tempo passa: o cabelo craspo cai, as espinhas somem e deixam marcas, a barba permanece estranha, o corpo - antes desengonçado - torna-se levemente (eufemismos...) avantajado. Perspectivas razoáveis para Freaks-Creeps-CDF's de nascença.

O incrível?

Ter um cara desses como uma bela FF*.

Inacreditável. Tocar o intocável. Excitar o sonho de adolescência. Foder literalmente e cheio de segurança as frustrações da juventude.

A Fernanda me disse que, sabendo o comportamento sexual de uma pessoa, conhecemos quase 95% da personalidade dela. Ou pelo menos a maneira como ela lida com a vida. Hoje, lendo esse fato que ocorre comigo, espero que vocês, meus poucos e fiéis leitores, entendam o quanto estou lidando BEM com a vida nessa semana!

*Foda Fixa

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