quinta-feira, 12 de janeiro de 2006

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Hoje fui fazer a inscrição para o concurso de professor substituto na UFRJ. 2 vagas, um zilhão de temas possíveis para a prova, análise de curriculum vitae, entrevista, prova aula. Fiquei cansado só de ver.

Não é preguiça, entenda bem. É só a impressão de que, às vezes, exige-se tanto por tão pouco...

Não é desfazer da maravilhosa experiência que seria (ou que será) trabalhar em instituição de tanto renome, mas todo mundo sabe que o salário de um professor substituto é bem furreca. É trabalho de peão, não?

E o que me parece, cada vez mais, é que a minha profissão é trabalho de peão. A escola do Méier é trabalho de peão. Não ter recebido até hoje a segunda metade do meu 13o. e as minhas férias faz-me sentir tão desvalorizado quanto.

Às vezes tento falar sobre isso com amigos, mas não sei se todos entendem o que me angustia. Talvez seja uma incapacidade minha de expressar mesmo... O lance é que eu decidi sair de casa depois de terminar o Mestrado porque realmente achava que muitas portas se abririam para mim a partir daí. Afinal, é o que se imagina após dedicar tanto tempo e esforço em um curso assim enquanto eu poderia estar fazendo outras coisas. A gente espera colher os frutos. Eu realmente acreditava poder-me sentir capaz de, pelo menos, PAGAR AS MINHAS CONTAS!

E era para ser assim, não? Afinal, qualificação, competência, tempo e disposição eu tenho para um bom emprego, mas as coisas simplesmente não acontecem. Não estão acontecendo. O que há de errado?

Hoje fui a um shopping e pedi uma salada numa lanchonete e, enquanto me atendia, a gerente demitiu um cara na maior, sem o menor pudor, na minha frente. Eu vi a cara de desespero dele e, sei lá, senti-me até culpado por ficar tão angustiado, inquieto, reclamão. Por outro lado, identifiquei-me tanto...

Quer saber? Hoje eu me dou o direito de ficar amargo, de achar o mundo uma merda, de pensar que nem sempre as coisas dão certo. E também me dou o direito de chorar, porra.

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