quinta-feira, 23 de março de 2006

Dinheiro cai do céu para alguns (desafortunados)

Quinta passada, amanheci atrasado e fui correndo trabalhar. Enquanto tentava me acalmar por causa da lentidão do ônibus, pensei no quanto é importante o trabalho, precisar dele para sobreviver. Isso tem um contexto. Tenho conversado e convivido com pessoas que têm as coisas fáceis demais e a sensação que tenho é a de que elas não parecem encontrar muito estímulo para fazerem suas próprias coisas. Pensei que isso era deprimente (no sentido de que causa depressão mesmo que essa palavra pode ter). Por outro lado, às vezes me sinto tão importante por causa das coisas que faço. se eu for pensar bem... Eu definitivamente influencio a vida de muita gente (ou estou sendo pretensioso?)!

À noite, o Eliandro armou um jantar para nós dois e Priscila num japa da vida. Grana foi, obviamente, um dos papos. O cara me deu um tapão na cara:

Wally, pessoas como nós não podem ter dívidas. É diferente um cara com renda de 600 paus entrar no cheque especial porque não tem dinheiro para comer de você tomar a mesma atitude radical.

O Eliandro nunca teve as coisas de maneira fácil na vida. Hoje tem um puta cargo numa indústria de laticínios e deve receber o triplo do meu salário. Ah, ele mora com os pais... Daí eu fiquei meio puto e pensei: "Ok, eu nunca fui bom de finanças, mas, quando morava com meus pais, jamais cheguei a entrar no cheque especial (mesmo que ficasse duro)".

Enfim, na hora de pagar a conta, percebi que esgotei todo o meu crédito no Bradesco e tive que ficar no negativo, também, no Real. E voltei para casa muito amuado pensando que essa história de "trabalho que dignifica" é conversa para boi dormir, que otários são esses filhinhos de papai que se sentem no direito de ficarem deprimidos enquanto têm tudo fácil. O bom mesmo é poder ter suporte para poder entrar nessas crises e, melhor ainda, fazer terapia!

Nenhum comentário: