quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Eu vivi uma experiência de abuso na infância. É complicado definir assim quando ocorre a partir de uma também criança um pouco mais velha. Mas não tenho outro nome para dar. As minhas mais remotas lembranças já têm em si estimulação sexual. Cresci assim.

Eu lembro da culpa, da sensação de se fazer algo errado. Algo muito ruim, que me levaria para o inferno. Entretanto, mesmo com esse medo, eu não recusava as investidas que recebia. Muito pelo contrário, ficava extremamente excitado.

Agora, escrevendo isso, me dou conta de que minha sexualidade se manifestou justamente em um contexto que só poderia vir cheio de culpa. Lembro que, quando me descobri homossexual, também tinha o mesmo medo de ir para o inferno. Talvez por isso eu goste tanto do Espiritismo, única religião que me trouxe algum consolo.

Vivi assim até os 14 anos. Lembro quando eu impus um limite e terminei com o que aqui chamo de "relação abusiva", por não ter um termo que melhor a expresse.

E isso era tema superficial que eu levava para a análise. Não conseguia enxergar como algo aparentemente tão distante poderia ter reflexos na minha vida adulta.

E é só o que tem. Nas minhas relações afetivo-sexuais, nos amigos cujas invasões eu vou aguentando até que não consigo mais conviver com eles.

E aí talvez dê para entender tudo por que passei e que deixei aqui registrado esses anos todos.

Agora já sei de onde vem tanto equívoco. Já consigo, mesmo fora de uma sessão, observar como esse padrão se manifesta em mim. E tenho que arrumar um jeito de dosar minhas relações, quaisquer que sejam, como venho tentando fazer com dinheiro ou como fiz com comida, quando emagreci.

Atualmente pago todos os preços de todas as escolhas erradas que fiz. Talvez eu ainda tenha outras dívidas a quitar, mas acho que, como meta de ano novo, prometo não mais comprometer tanto a minha vida ao ficar repetindo os traumas de infância.

O pior é que eu nunca levei a sério essa história de trauma de infância...

:(

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