terça-feira, 6 de setembro de 2011

Como havia esse estudo eletivo lotado sobre Caio Fernando Abreu, resolvi reler minha dissertação de Mestrado, pois há muito tempo não entrava em contato com uma perspectiva mais aprofundada sobre ele.

Aqui no blog está registrado. O meu processo de escrita foi muito complicado. Eu vivia com minha família, que sempre foi muito barraqueira. Eu comecei a trabalhar em escola particular, que sempre exigiu demais pagando de menos. Eu comecei a ficar deslumbrado com o desbunde da vida gay, que sempre é mais interessante que sentar e ficar escrevendo. Vivia fugindo da minha orientadora morrendo de vergonha e levei, ao final de todo o processo, uma bronca terrível dela antes e depois de defender.

Saí da pós-graduação disposto a só ler bobagens. Cumpri inteiramente a minha disposição.

Mas eis que releio o primeiro capítulo do trabalho e tenho um choque: não é que estava bom? Sem vaidade, nem modéstia: eu gostei do texto. Nem parecia meu, já que faz tanto tempo.

Daí comecei a pensar em quem sabe retomar a pesquisa num doutorado... Mas me dei conta de que quando estava fodido, separado, sozinho, na Glória, num apartamento horroroso, com a minha mudança somada às de duas outras pessoas, joguei todos os meus papéis de faculdades e afins fora, ou seja, toda a pesquisa sobre Caio que não era em formato de livro foi para o mendigo que andava cheio de cães e que tratou papel branco como pedra preciosa e valiosíssima. Hoje, toda uma vida de estudo deve estar em algum papel higiênico de folha reciclada.

Depois escrevi um email para minha ex orientadora perguntando sobre a possibilidade de ela continuar o trabalho comigo. Não obtive resposta dez dias depois. Isso significa algo.

Por fim, almoço com um quase-ex que vive de pesquisa e achei a vida dele muito triste. Prefiro a minha.

Então não sei se me esforço ou não para tentar doutorado. Eu estou feliz e satisfeito com minha vida profissional, mas às vezes sinto culpa por quem sabe estar um tanto acomodado. Além disso, eu sempre disse que nunca gostaria de sair do Ensino Fundamental. Agora estou no Médio e adorando. Será que o magistério superior e o trabalho acadêmico seriam tão ruins assim?

Ah, sei lá.

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