domingo, 4 de dezembro de 2011

Give a little love

Caída, cansada, assustada e fraca. Assim ela estava quando passei com os meus belos e saudáveis cães para o banho semanal. No dia anterior, uma vizinha me tinha dito que iria levá-la a uma clínica veterinária que cuidaria dela e que depois a colocaria para adoção.

Saí para meus compromissos imaginando que ela já estaria encaminhada. Engano meu. Continuava na mesma situação de abandono de dois dias antes, exceto pela comida e água deixada por outros que, como eu, entenderam a situação em que se encontrava.

Decidi que não poderia mais ficar completamente alheio àquela cena que batia à porta da minha casa.

Dei-lhe uns petiscos.

Coloquei a coleira em seu pescoço.

Levei-a, insegura, para o banho.

Tratei das parasitas que, pouco a pouco, lhe destruíam o corpo.

Coloquei-a, isolada, num lugar quente e seguro.

Dei comida, água, remédio, vitamina, Cream crackers.

E amor.

"Você pratica o amor com os cães, não é?" Perguntou minha analista.

"Posso fazer tudo por eles que vou receber amor de volta,  sem a perversidade das pessoas." Veio-me à cabeça e à boca, em resposta.

"Essa perversidade seriam os abusos que você já sofreu quando amou?" Ela me jogou de volta.

Sim.

Acho que tenho que achar um jeito de amar sem criar de novo esse tipo de situação que tenho certeza de que vem junto com a carência, com a auto-estima baixa e com a sensação de que não mereço amor.

"Amor é algo que se mereça?" Foi o questionamento que ela levantou e que não sai da minha cabeça.

Ah, não sei responder agora! O que posso é cuidar da cadela por 21 dias com antibióticos, castrá-la, deixá-la linda, fazer um book ultrassofisticado de fotos e colocá-la em condições para adoção.

E talvez desfazer essa birra com as pessoas quando achar alguém responsável para amá-la e cuidar dela.

Eu queria desfazer essa birra com as pessoas quando achasse alguém responsável para me amar e cuidar de mim.


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