domingo, 29 de janeiro de 2012

Quando a gente foi morar em Copacabana, o combinado era que deveríamos dividir as contas. Isso deve ter durado uns cinco meses, no máximo.

Depois de muita confusão, cedi e aceitei que tivéssemos uma relação aberta. Em nenhum momento achei que isso permitiria que ele tivesse um outro namorado em São Paulo. Esse outro era aquele cara de quem ele tanto falava, que o chamava para uns trabalhos, que o hospedava, que tinha ido uma vez lá em casa.

"Que bom que vocês se deram bem. Isso é muito importante para mim.", ele disse nessa ocasião. Na hora, não entendi o que ele quis dizer. Quando a ficha caiu, senti uma decepção tão grande!

O pior mesmo foi quando ele disse:

"Não é que eu esteja apaixonado, simplesmente preciso. Ele está abrindo muitas portas para mim."

Em algum momento, depois de muita porrada, briga, humilhação mútua, ele se desvincilhou do cara. E parou de participar das contas da casa. Eu já não mendigava amor. Estava meio atônito diante da situação em que tinha me enfiado. Mudamos, inclusive, a forma de fazer sexo. Passei a comê-lo.

Mas não havia mais encanto. Acho que ele sacou.

Um dia, cheguei em casa e ele disse:

"Tenho uma surpresa para você."















Ao longo dos dias que se passavam, dizia coisa como:

"Não é pouca coisa o que estamos fazendo. Um cachorro juntos."

Eu ouvia aquilo sem racionalizar. Simplesmente estava apaixonado pela criatura inocente que estava lá em casa. Sofria de ter que ir trabalhar, de ficar longe. Acho que nunca tinha sentido nem recebido tanta ternura na vida. Saquei que ele começou a ter ciúmes do cachorro que ficava chorando na porta quando eu ia o banheiro. E me dizia:

"Ele é meu, né? Você sabe."

Mas sabíamos que aquele era o começo do fim.

Foi quando comecei a entender o que era o amor.

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