sábado, 28 de abril de 2012

Hoje é aniversário da minha mãe e faz uns 4 meses que não a vejo. Ela me disse que não estaria em casa hoje, subiria a serra. Só consegui que atendesse o telefone lá por volta de 12h e, por mais que não estejamos com tanto contato ultimamente, não mudou muito: falou por volta de uma hora e meia quase sem parar. A mim só cabe ouvir. Como o dia é especial, fiz essa concessão.

Não posso deixar de confessar que senti um certo alívio por não ter como ir vê-la e isso me dá tanta culpa! Fico tentando imaginar como ela foi quando eu era bebê. Os cuidados, o amor, o seio. Talvez pensando assim, consiga ter uma relação normal de filho que tem vontade de ir ver os pais. Mas não consigo. Lembro das maluquices, das manipulações e das chantagens. Ser amado por ela tem um preço muito alto que sempre é cobrado.

Quando eu era criança, depois adolescente, frequentava a casa dos amigos e via algo de diferente nas famílias deles. Não sei bem o que era, mas sentia uma vontade de ter uma família normal, se é que isso existe.

Nesse tempo sem encontrar meus parentes Dulce veio e foi embora, Miró envelheceu muito, um monte de cabelos brancos apareceram, voltei a estudar.

Tenho medo de o tempo passar e ser tarde demais, mas não consigo tomar uma atitude para conseguir conviver com eles. Sinto-me quase sozinho no mundo, mas parece que estou melhor assim.

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