domingo, 13 de maio de 2012

Eu o olho e não consigo conter a ternura. Miró de repente ficou velho. Não posso dizer que ninguém me avisou: Fernanda disse que era de repente. Num verão, ele está ótimo, mas na estação seguinte vira um senhor com dificuldades para andar, com a saúde frágil e dormindo quase o dia inteiro.

Há mais ou menos um mês a Divina me disse que ele estava muito magro. Ela é a moça que dá banho nos cães. Vai sozinha lá em casa e os busca semanalmente. Depois de quase dois anos, resolvi confiar a chave do meu portão para ela fazer isso. Deve ser coisa do nome: a mulher é um anjo.

O Fernando já tinha alertado-me para a magreza do Miró. Eu não estava conseguindo enxergar. Em menos de dois dias, ele resolveu não comer mais ração. Desde então, faço uns pratos especiais de arroz, ovos, frango e cenoura. Ele adora.

Descobrimos dois tumores no baço que têm um aspecto horroroso e que podem causar hemorragia. Provavelmente não há nada a fazer. As pessoas me olham com um jeito conformador de "o-que-você-espera-de-um-cão-com-17-anos?"

Vai todo mundo à merda.

Não quero me preparar para a partida, não quero uma vida sem Miró embaixo da minha cadeira ou me seguindo pela casa, não quero parar de limpar seu mijo ou de fazer comida para ele. Quero-o prara sempre comigo.

Eu te amo, Miró.

Um comentário:

Anônimo disse...

eu também queria o meu Dali. E eu nem era merecedora de todo o amor q ele me deu.
eu quero ele de volta.