sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Às vezes me bate uma solidão que deprime porque acho que sei que não tem quem a resolva. Descobrir isso foi o grande salto. Algumas vezes pensei que ela passaria com O Grande Amor e fazia aquele monte de loucuras que hoje me custam tão caro. Porém hoje vejo que ela já estava comigo na infância, quando eu me sentia tão deslocado em qualquer lugar: casa, escola, condomínio, catequese, rua: o mal estar da minha existência sempre comigo.

Às vezes esqueço dela quando faço sexo. O desvario dos corpos, a violência consentida do prazer que dura pouco. Em outros momentos, a companhia dos  animais é mais eficaz: tenho quase a sensação de Deus. Acho que se houver, deve ser assim. Com amigos ela desaparece quase por completo, mas sei que ainda está lá.

Bom mesmo é quando entro na literatura por que lá a solidão é valor. Então comecei a pensar que talvez a solidão que não sai de mim deva ser também valor. Tenho que aprender a viver com ela. Talvez eu seja feliz assim e fique rindo do mundo, que me deixa tão só. Ou ria de mim, que me excluo do mundo. Vai saber.

Aceitar a solidão deve ser a sensação de quem sai de um hospital depois da internação. Rever o dia, a cidade. Sentir-se dono do próprio corpo, agora saudável.

Mas agora ela só dói mesmo.

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