quinta-feira, 11 de março de 2004

Feliz sem motivo aparente

Tenho andado tão bem ultimamente que dá até medo. Sabe quando está um dia infernal, você senta no banco alto do ônibus com todas as janelas abertas e vem aguma mulher muito da sem noção e a fecha pro cabelo não despentear? Pois então, aconteceu comigo ontem e nem liguei. Minha atitude foi mudar de cadeira, simplesmente. Eu é que não arranjaria confusão com a Srta. Vaidosa... Na verdade, nem me estressei pra tanto.

O fato é que estou rido à toa. Alguém pode perguntar: namorado novo, dinheiro no bolso? Nenhuma das duas opções. Legal, né? Acho bom estar encalhado e duro, mas ainda assim feliz. Ando com o meu horrível walkman (preciso de um novo) na bolsa, fecho os olhos no bus, durmo, ando contente pela rua e é só. Sem motivo aparente.

Sou muito assim: sinto as coisas simplesmente do nada. Quando comecei o outro blog, andava meio deprê demais... Ele meio que refletia tal estado. Agora a coisa é outra e os amigos até comentam a mudaça! Vamos ver até quando isso dura.

Mudado de assunto, hoje a minha orientadora me ligou querendo saber por que ainda não entreguei os trabalhos. Respodi a verdade: sou um enrolado que deixa tudo pra última hora!!!! Rolou um pequeno puxão de orelha, mas tudo bem. Calculamos juntos e descobrimos que posso defender a minha dissertação até setembro de 2005. Pô, vai ser bem legal! A disciplina que estou cursando é a última que preciso pra cumprir os créditos. Isso significa que terei praticamente um ano só pra pesquisar e escrever! Acho que o resultado será bem bacana!

Falando nisso, estou relendo A hora da estrela, da Clarice (amando, eu sou a Macabéa!!!!) e qual não foi a minha surpresa ao ver que o final é bem parecido com o do último conto dos Morangos mofados. Olha só:

E agora - agora só me resta acender um cigarro e ir para casa. Meu Deus, só agora me lembrei que a gente morre - mas eu também?!

Não esquecer que por enquanto é tempo de moragos.

Sim.



(LISPECTOR, Clarice. A hora da estrela. Rio de Jaeiro: Rocco, 1998.)

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Abriu os dedos. Absolutamete calmo, absolutamente claro, absolutamete só enquanto considerava atento, observando os canteiros de cimeto: será possível plantar moragos aqui? Ou se não aqui, procurar algum lugar em outro lugar? Frescos morangos vermelhos.

Achava que sim.

Que sim.

Sim.


(ABREU, Caio Fernando. Morangos mofados. 3 ed. São Paulo: Brasiliense, 1983.)

Será que relacionei coisas que não têm nada a ver?

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