sexta-feira, 27 de agosto de 2004

O ônibus trash ou A cigarra maldita

Reclamo bastante do bairro onde moro. O pior é que nem tem tantos problemas assim: é calmo, tranquilo, não rola tanta violência... Se alguém me pergunta a razão do meu ódio por viver aqui, eu diria que é algo bem simples: o transporte.

Para qualquer lugar da região central ou da Zona Sul que eu vá, tenho que sair, no mínimo, com umas duas horas de antecedência. Senão, já viu. Um horror.

Mas se a demora e a distância fossem os únicos problemas... O fato é que não são. Tudo seria menos pior se não houvesse o 756 na minha vida. Pra quem não conhece, esse ônibus é da Viação Feital (popularmente conhecida como Viação FATAL) e faz a linha Alvorada-Senador Camará. Qual o problema dele? Bom, da lista interminável de itens, eu destaco:

1. Sujeira. É assim: nem adianta usar uma roupa limpa e lavada. Ela e suas mãos (caso você esteja em pé) ficarão negras e fedorentas. Isso é certo.

2. Lotação. Lembra-se daqueles desenhos em que as pessoas no metrô pareciam sardinhas enlatadas? Então, não há melhor imagem para descrever a minha situação todos os dias.

3. Máquinas quebráveis. Sempre que você arranjou um lugarzinho e pensa que finalmente não vai se atrasar para os compromissos, o motor dá uma pane ou o pneu fura e todos têm que descer e esperar o próximo buzu para entrar pela frente. Quer cena mais decadente que essa?

Se não me engano, houve uma sexta-feira 13 nesse mês. Pois é, justamente nesse dia, aconteceu algo de muito misterioso, por assim dizer, na minha viagem. Um fenômeno metafísico, acho.

Estávamos todos tranquilos no caminho quando de repente um som surge:

TRIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIM

Era a cigarra, aquele instrumento que usamos para avisar que queremos descer. No entanto, ninguém a havia puxado. A trocadora diz ao motorista:

Não pare! Desta vez foi a alma.

Como assim, moça?

Olha, ela fica assim, tocando sozinha... Deve ser algo do além, não é mesmo? (Cara de cínica)

E fomos o caminho inteiro assim. Quando alguém realmente havia dado o sinal, ela gritava:

Agora é real!!!! É real!!!!

E o motorista parava.

Tudo ficou bem divertido até que dali a uns 15 minutos, o sino disparou sem fim.

TRIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIM

E o que era cômico se tornou infernal.

Ai, como eu odeio andar de bus!

>:-(

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