sexta-feira, 15 de outubro de 2004

O toco

Certa vez, enquanto revelava o rosário de minhas inseguranças para a Fernanda, ela me falou o seguinte:

Talvez porque ser um adolescente gay é muito mais complicado do que pro resto das pessoas, você passou por essa fase sem viver as coisas que deveria, Wally. Lidar com rejeição é difícil pois você nunca levou um toco... Afinal, tentar qualquer coisa com alguém naquela idade seria risco de ser surrado, né? Você tem que levar foras, muitos foras... E perceber que isso não é a pior coisa do mundo...

Bom, então, a Fernanda tem razão. Expus-me, correndo o risco de parecer piegas e ridículo. Falei um monte de coisas que estavam engasgadas há um tempão e, sim, levei o toco. O toco mais fofo que alguém poderia levar, é claro, mas ainda sim, toco.

E, realmente, não é a pior coisa do mundo.

É uma contradição absurda estar com o coração ferrado e, ao mesmo tempo, com a alma levíssima?

Poucas vezes na vida fiquei tão feliz e satisfeito comigo mesmo.

E hoje eu quero ir a alguma boate de música bate-estaca, encher a cara, dançar mal e beijar o primeiro que aparecer.

Next, please!

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