quarta-feira, 21 de julho de 2010

Seu Amadeu

A Fernanda deixou uma grana para eu colocar grama antes de viajar.

"Você vai ver o que é morar em uma casa com quintal gramado", ela disse.

O cara de quem encomendei a grama disse:

"Tem que ter sol. Senão ela morre."

Decidi, então, chamar o seu Amadeu,o faz tudo aqui da vila, para podar as árvores para abrir espaço para o sol. Aqui tem um pé de graviola e uma jabuticabeira, além de diversas plantas ornamentais.

Ao se deparar com o tamanho das árvores, ele pediu uma escada. Atendi prontamente à solicitação, entretanto, a ferramenta seria pequena para fazer o serviço.

"Seu Ivo não está aí?", ele perguntou, provavelmente pensando em pedir-lhe a escada emprestada. "Não", respondi. Seu Ivo é o pai da Fernanda e mora aqui em frente. "Paciência", pensei, "Não vai dar pra fazero serviço direito, merda", e fui cuidar das coisas da casa. Lavar, estender roupa, passar um café... De repente, ouvi um chamado do seu Amadeu. Fui ver o que era.

"Nesse tamanho tá boa a poda?"

Ele estava montado no pé de graviola, a quase 2,5m do chão.

"Está ótimo", respondi assustado.

Depois ele pediu sacos de lixo para recolher as folhas e galhos caídos. Começou a puxar conversa comigo. Adoro papo de gente simples e mais velha. Não aguentei e perguntei sua idade.

"7-8", ele disse, falando os dois números em separado, acho que para enfatizar.

7-8. 7-8. Eu tenho 3-2 e jamais conseguiria montar numa árvore. Agora ele está em cima da jabuticabeira e não consigo saber se estou mais com medo de ele cair de lá ou com inveja de sua disposição e simplicidade.

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