Dulce Veiga foi embora hoje. Não consigo deixar de sentir a perda. Ela deve ter atendido ao significado do nome, pois jamais conheci criatura tão doce. Talvez Caio Fernando tenha me ajudado lá do céu a achar a dona que está tão apaixonada por ela. Fomos hoje lá levá-la em Belford Roxo, num lugar simples, numa casa simples onde mora uma mulher jovem e cheia de amor.
Pensei que ia desabar ali. Surpreendi-me por estar tão tranquilo. Pensei que a cadelinha também fosse fazer alguma cena, chorar na hora de eu ir embora, como sempre fez quando eu saía de perto dela em qualquer lugar. Não: ficou bem. Acho que até sorrindo.
Pensei que seria muito ruim doá-la. Eu ficaria muito puto se fosse criança totalmente dependente e alguém me salvasse da rua, cuidasse de mim, me desse amor, cuidados e um dia me dissesse:
"Já fiz tudo o que podia por você. Agora está na hora de você ir, pois encontrei novas pessoas que vão te assumir."
Mas ela não sou eu: não racionaliza. Está bem e feliz. Já vive seguindo a dona nova por onde quer que ela ande.
A casa está mais vazia, mas também mais tranquila.
E depois de todo o trabalho, todos os gastos, toda a confusão, acho que valeu a pena. Foi bom ter tomado uma atitude e não ter deixado aquele ser lindo morrer sozinho e com fome na rua.
Adeus, Dulce.
Eu te amo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário